Querem Me Matar
Wálter Fanganiello Maierovitch - Revista Carta Capital - 01/08/2008
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Radovan Karadzic
Karadzic alegou ter celebrado um pacto com os americanos, a assegurar-lhe imunidade.
Mas agora, por escrito, falou que o acordo foi quebrado e os EUA querem matá-lo.
(foto de Jerry Lampen).
Nesta sexta-feira, 1º de agosto, Radovan Karadzic, conhecido por Bin Laden dos Bálcãs, divulgou uma nota, escrita depois da sua apresentação à Corte Internacional Criminal para a ex-Iuguslávia, sediada em Haia (Holanda).
A nota provém do cárcere internacional de Scheveningem, construído em 1992 para custodiar presos com processo em curso no Tribunal Penal Internacional e nas Cortes temporárias para a ex-Iugoslávia e Ruanda.
Karadzic volta ao tema do pacto de imunidade feito com os EUA, representado pelo diplomada Richard Holbrooke (ao tempo do governo Bill Clinton responsável pela costura do acordo de Dayton que pôs fim à Guerra dos Bálcãs).
Só que agora, por escrito, fala que o pacto foi quebrado e os EUA querem matá-lo. Pelo pacto, alcançaria a imunidade mediante a promessa de deixar a vida pública, ele que havia se auto-proclamado presidente da região Sérvia da Bósnia.
O referido pacto, anos atrás, foi desmentido por Richard Holbrooke, que efetivamente era o negociador nomeado pelo presidente Bill Clinton para a região dos Bálcãs. Depois do relato de ontem feito por Karadzic perante o Tribunal, Holbrooke concedeu entrevista e reafirmou não ter ocorrido nenhum pacto. Mais ainda, disse que Karadzic já exibiu a prova documental a que fez menção na Corte, que serviria para comprovar o tal pacto.
Frisou Holdbrooke que o documento que Karadzic exibe está escrito num péssimo inglês, cheio de erros, sem as tradicionais fórmulas diplomáticas. Mais ainda ressaltou Holdbrooke: -", a assinatura a mim atribuída é uma falsificação grosseira".
Na nota de hoje, Karadzic escreveu: "Em 1996, em nome dos Estados Unidos, Richard Holbrooke fez uma oferta aos ministros e aos homens de Estado que estavam autorizados a me representar, empenhando-se a não me deixar ser julgado pelo tribunal internacional. O acordo com os EUA, que deveria garantir-me a paz e a liberdade, tornou-se uma permanente fonte de grande perigo para a minha pessoa, a dos meus familiares e a dos meus amigos".
Pano Rápido - Como se percebe, Karadzic já escolheu o ataque como estratégia para a sua defesa. Ontem, em Srebrenica e onde foram eliminados 8 mil indefesos muçulmanos por determinação de Karadzic, as mulheres assistiram, pela televisão, o início do seu julgamento por corte internacional. Muitas não sabiam que a corte não pode, na condenação, aplicar a pena capital.
Retrospectiva
Na audiência preliminar junto ao tribunal penal de Haia, Radovan Karadzic apresentou-se de terno, sem a barba e o penteado exótico usados como disfarce.
Consultado se preferia uma audiência privada ou pública, com televisão a gerar imagens pelo planeta, Karadzic optou pela última.
Depois de cientificado dos 11 ítens da acusação, cujas imputações mais graves são as relativas aos crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio, o chamado Bin Laden dos Bálcãs preferiu se utilizar do prazo procedimental de 30 dias para optar entre se declarar culpado ou inocente.
Embora tenha solicitado prazo de trinta dias, Karadzic disse preferir se defender sozinho, ou seja, sem advogado, como ocorreu com Slobodan Milosevic, ex-presidente sérvio e seu parceiro no projeto de limpeza étnica e construção da "Grande Sérvia".
Karadzic surpreendeu ao protestar contra a sua prisão e extradição. Alegou ter celebrado um pacto com os EUA, a assegurar-lhe imunidade.
Tal pacto, segundo sustentou, teria sido celebrado em 1996 com Richard Holbrook, diplomata norte-americano e ex-secretário de Estado adjunto dos EUA. Holbrook costurou o acordo de Dayton (1994), que pôs fim à guerra nos Bálcãs.
Para o acusado Karadzic, Holbrook, em troca da imunidade, exigiu que ele se retirasse da vida pública, o que foi aceito e cumprido, até sua prisão. Não se sabe como fará para provar a tal imunidade, mas disse que apresentará prova documental a respeito.
Sobre os treze anos que esteve foragido, Karadzic disse ter sempre residido em Belgrado, na rua Gagarin, número 237. Ou seja, frisou que não era foragido, mas que cumpria o estabelecido ao receber a imunidade.
No final da audiência Karadzic procurou irritar o juiz holandês Alphons Orie, que presidia a audiência. Para isso, disse não acreditar que o juiz não soubesse da maneira pela qual foi preso e das ilegalidades cometidas. Referia-se à alegação que já fizera na Sérvia. Ou seja, de que havia sido seqüestrado numa sexta-feira e mantido incomunicável até a segunda-feira, quando falsamente divulgou-se como sendo o dia da prisão.
Experiente, o juiz comunicou-lhe: "Se o senhor quer protestar em face de eventuais erros procedimentais, deve apresentá-los à Corte, que, depois, os examinará e decidirá se os admite ou não".
A audiência de prosseguimento foi designada para 29 de agosto. Enquanto isto, Karadzic permanecerá no cárcere internacional de Scheveningen, vizinho a Haia e dotado de todo conforto.
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