Dantas Erra ao Ameaçar Lula e Lacerda
Pedro do Coutto - Tribuna da Imprensa - 15/08/2008
http://www.tribuna.inf.br/pedro.asp
Pedro do Coutto
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No depoimento à CPI dos Grampos, quarta-feira, o controvertido banqueiro Daniel Dantas cometeu um triplo e enorme erro tático procurando indiretamente ameaçar o presidente Lula e o delegado Paulo Lacerda, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência. Além de a Telecom Itália. Todos os jornais publicaram as declarações do controlador do Opportunity, que desta vez resolveu quebrar o silêncio, mas a melhor e mais completa matéria foi a de O Estado de São Paulo assinada por Paula Scinocca.
Ela entrou em contato e ouviu a direção da Telecom Itália, que reagiu a Dantas, e também Paulo Lacerda, que se prontificou de plano a comparecer à CPI e lá responder às insinuações desfechadas contra si. Daniel Dantas disse que a operação Satiagraha foi encomendada por Lacerda à Polícia Federal no sentido de atingi-lo pessoalmente, já que atribui a ele, Dantas, a divulgação de matéria na imprensa apontando-o como titular de contas no exterior.
Dantas surpreendeu a todos ao dizer também que havia recebido um telefonema ameaçador por parte do delegado Protógenes Queiroz. Fez uma insinuação indireta. Deixou-a no ar. A estratégia dos advogados do titular do Opportunity foi a de principalmente tentar deslocar as acusações de evasão de divisas cambiais e sonegação fiscal, que são as que mais vulneram, para o campo de sua desavença com a Telecom Itália. Até aí tudo bem, não tivesse ele se referido a Fábio Luís, filho do presidente da República. Com isso, ele afundou na trama que armou porque só pode ter irritado fortemente Lula. Ainda mais porque paralelamente comprometeu Luiz Eduardo Greenhalg, que também atuava a seu lado.
Ele revelou uma sombra ética ao dizer que o ex-deputado do PT o procurou para equacionar o impasse que envolvia o esquema acionário que o vinculava à Previ, Fundo de Aposentadoria Complementar do Banco do Brasil, um dos alicerces financeiros da privatização das Teles no governo Fernando Henrique. Dantas, logicamente, não deseja levar o combate para a remessa de dinheiro ilegal para o exterior, tampouco sua volta aos fundos de aplicação do Opportunity como se recursos estrangeiros fossem, por isso, logrando isenção de tributos.
Mas com a investida contra o presidente e o delegado Paulo Lacerda, a meu ver Daniel Dantas submergiu na contradição que provocou, expondo-se intensamente a pressões e se complicando ainda mais do que já se encontra. Como não existe ação sem reação, é logicamente pouquíssimo provável que o cerco da ABIN e da Polícia Federal deixe de se apertar. Isso de um lado. De outro, em conseqüência, os saques de titulares dos fundos administrados por Dantas tendem a se ampliar.
Afinal, como todos sabem muito bem, quem deseja ser interpretado como participante de uma corrente contrária ao governo? Ainda por cima de um esquema que parte para a sombra de uma retaliação. Ninguém. E não é só isso. Há poucas semanas, os jornais publicaram que os saques efetuados nas diversas contas do Opportunity haviam atingido 1 bilhão e 800 milhões de reais. O patrimônio total dos fundos, entretanto, acentuou O Estado de São Paulo, é de 16 bilhões. Os saques equivaleriam assim a cerca de 12 por cento dos ativos. Porém o problema não é só esse. Existe o ângulo da liquidez que nem sempre está ligado ao patrimônio. Seja, entretanto como for, existem naturalmente interesses particulares em que os saques prossigam. Claro. Está falando de dinheiro, de propriedade, portanto de algo extremamente sensível.
Se saques acontecem de um lado, depósitos se verificam de outro. Ninguém vai retirar altas somas de um banco de investimentos para guardar o dinheiro em casa. Essa não. Vai, isso sim, transferir a aplicação. Desta forma, Bradesco, Itaú, Santander, Unibanco, figuram entre os destinos mais prováveis das transferências. Logo tornam-se parte reflexiva da questão. Quanto mais o Opportunity for afetado politicamente, melhor para eles. Sem dúvida alguma possuem todos os instrumentos capazes de entrar em campo no lugar de Daniel Dantas a qualquer momento. A vida é assim. E Dantas não poderá se queixar porque agiu desta forma a vida inteira. Tem inclusive uma boa parte da imprensa a seu favor.
Mas - aí entro eu com minha opinião - não existe no mundo veículo de comunicação por mais forte de seja que se torne mais poderoso que a verdade. Graças a Deus, Caso contrário, todos nós, jornalistas e leitores que somos, seríamos dominados pelo que tanto equivocadamente professores teóricos de comunicação passaram a chamar de mídia. Expressão vaga que, no fundo, de tão panorâmica, torna-se pouco nítida. Existem grandes veículos de comunicação em todos os setores. Os de maior potência são as televisões, com a Rede Globo à frente no Brasil. Porém uma coisa é a notícia.
Outra a análise. A televisão é muito forte na notícia, fraca na análise do conteúdo. Para atestar esta característica, basta prestar atenção às mensagens. Se alguém se apresentar na TV analisando acontecimentos, em meio minuto torna-se enfadonho. Não cristaliza as atenções. Com os jornais dá-se exatamente o inverso. Os teóricos do jornalismo - muitos sequer nunca trabalharam numa redação - incidem em grave erro ao misturar tudo e confundir quantidade com qualidade.
Mas que dizer? É assim mesmo. Se o Brasil tem 190 milhões de técnicos de futebol, possui também 190 milhões de jornalistas teóricos.
Um deles talvez o próprio Daniel Dantas.
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