Pelo Imediato  Rompimento com Israel
Maurício Thuswohl - Agência Carta Maior - 07/01/2009
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4069&boletim_id=513&componente_id=8910
Maurício Thuswohl - Agência Carta Maior - 07/01/2009
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É possível romper relações  com Israel sem declarar apoio ao Hamas ou abandonar a posição neutra em relação  ao conflito palestino-israelense. O que não dá mais é para assistir calado ao  extermínio de um povo.
Maurício  Thuswohl
"Muitas crianças palestinas estão morrendo  e quase nenhuma criança israelense foi morta. Por quê? Porque nós cuidamos das  nossas crianças" (Shimon Peres, presidente de Israel, em 6 de janeiro de  2009).
 De acordo com os dados divulgados periodicamente pela ONG internacional Save the Children, foi ultrapassada na terça-feira (06/01/2009) a marca de 100 crianças palestinas assassinadas desde o início da última onda de agressões perpetrada por Israel. No mesmo dia, ataques aéreos israelenses destruíram três escolas da ONU na Faixa de Gaza, deixando cerca de 30 mortos. Horas antes, uma bomba caiu sobre uma casa onde cerca de 20 jovens recebiam de dois militantes dos Hamas treinamento de primeiros-socorros para ajudarem parte das milhares de vítimas palestinas. Não houve sobrevivente.
Ocorridos num único dia de combate, em  meio aos milhares de episódios estarrecedores vividos em Gaza na última semana,  esses eventos mereceram o repúdio internacional e fizeram crescer a pressão  sobre o governo israelense para um cessar-fogo imediato. Respaldado pelo sólido  apoio político e diplomático dos Estados Unidos, no entanto, os  falcões-de-guerra israelenses, até o momento em que escrevo estas linhas,  admitiram apenas a abertura de um "corredor humanitário" durante três horas por  dia para que comida e medicamentos finalmente cheguem aos  palestinos.
 Face à impotência do Conselho de Segurança  da ONU e ao bloqueio das discussões exercido pelos EUA, a tentativa de costura  de uma solução que leve ao fim imediato das hostilidades sobrou para a União  Européia. Capitaneados pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, os esforços  europeus, no entanto, têm encontrado maior eco junto aos países árabes, Egito à  frente, do que propriamente junto a Israel, que, como faz nos últimos 60 anos,  mantém postura de arrogância e desprezo em relação à via diplomática  multilateral.
 Os países árabes, por sua vez, também  repetem o velho cenário que se divide entre os regimes aliados dos Estados  Unidos, liderados pela Arábia Saudita, e os regimes inimigos declarados ou  velados de Israel, como Síria e Jordânia, entre outros. A história ensina que,  na hora em que Israel resolve atacar com A maiúsculo, nenhum dos dois lados da  elite árabe costuma mover uma palha em favor de palestinos, libaneses ou quem  quer que seja.
 Qual papel deve assumir o Brasil,  postulante a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, diante dessa  paralisia? O melhor e mais corajoso caminho a ser seguido é o imediato  rompimento de relações diplomáticas com o governo assassino de Israel. O  presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem diante de si a oportunidade de fazer  valer todo o capital político acumulado no cenário internacional ao longo dos  últimos seis anos e indicar claramente que a construção de um novo patamar de  entendimento entre as nações, desejo manifesto de seu governo, não mais tolerará  demonstrações unilaterais e desproporcionais de força  militar.
 É possível romper relações com Israel sem  declarar apoio ao Hamas ou abandonar a posição neutra em relação ao conflito  palestino-israelense. O que não dá mais é para assistir calado ao extermínio de  um povo. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, como bem demonstrou  o governo da Venezuela. No mesmo dia em que foi ultrapassada a marca de 100  crianças palestinas mortas, o presidente Hugo Chávez declarou o rompimento das  relações diplomáticas entre os dois países e expulsou de Caracas o embaixador de  Israel. Para justificar seu ato, Chávez afirmou que "Israel está promovendo um  holocausto na Faixa de Gaza".
 Seguir o mesmo caminho da Venezuela  consolidaria o papel político de liderança entre os países emergente exercido  pelo Brasil no cenário diplomático internacional. Significaria também, mesmo que  isso traga pouca conseqüência prática e imediata para quem está recebendo bomba  na cabeça, um importante gesto de solidariedade do "mundo real" face ao martírio  do povo palestino. Lula, se tomar essa atitude corajosa, mais uma vez colocará a  política externa de seu governo a serviço da construção de um mundo menos  injusto.
 A simpatia do presidente brasileiro pela  causa palestina não é segredo para ninguém. Em entrevista ao jornal Valor  publicada na segunda-feira (05/01/2009), o assessor especial de Política Externa  da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, classificou a ofensiva  israelense em Gaza como "terrorismo de Estado". Em nota assinada por seu  presidente, Ricardo Berzoini, o PT também condenou a ofensiva israelense e  rechaçou o argumento de "autodefesa" utilizado por Israel. O rompimento  temporário com Israel nas atuais circunstâncias seria, portanto, um caminho  natural e coerente para o governo Lula.
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