Pão e  Saúde
 
Que o pão faz  parte do dia-a-dia do brasileiro todo mundo sabe. Geralmente o café da manhã não  começa sem ele. Mas será que o pão tem valor nutritivo? Ele é importante para a  nossa saúde? Quem quer emagrecer deve cortar o pão da dieta? Qual a melhor  opção: pão branco ou integral? E o que é este tal de glúten que vem escrito na  embalagem? Ele faz mal?
 
Ufa! São  realmente muitas dúvidas, não? Apesar de o pão estar na mesa do brasileiro há  mais de 200 anos, as pessoas, em geral, sabem muito pouco sobre  ele.
 
 
 
A  importância do pão
 
Pães, assim  como massas, batatas, mandioca e cereais, são alimentos ricos em carboidratos.  Geila Felipe, nutricionista da Fiocruz e do Centro Colaborador em Alimentação e  Nutrição da região Sudeste, explica que os carboidratos são a base da nossa  alimentação e a primeira fonte de energia que o nosso corpo usa. Uma dieta  pobre em carboidratos pode trazer efeitos indesejados, como fraqueza, mal-estar,  desidratação, perda de massa magra, menor resistência a infecções, dentre outros  problemas. Para o bom funcionamento do organismo, 50 a 60% das calorias que nós  ingerimos devem vir dos carboidratos.
Afora isso, o  pão tem uma importância cultural e religiosa muito grande. "Ele está associado  ao ato de compartilhar, ao momento em que a família se reúne pela manhã e  aproveita para conversar", defende a nutricionista.
 
 
Pão  engorda?
 
O pão, por si  só, não engorda. O que engorda é o consumo excessivo de carboidratos, bem como  de qualquer outro macronutriente, como proteínas e gorduras. A nutricionista  Geila Felipe explica que é errado pensar que os carboidratos devam ser cortados  da dieta de quem quer emagrecer. O importante, segundo ela, é não exceder os  valores recomendados.
Entretanto,  uma dica importante para quem quer perder peso é que existem dois tipos de  carboidratos: os simples e os complexos. Os simples estão presentes nos  alimentos de sabor adocicado, como mel, geléia, leite, açúcar e frutas. Já pães,  massas, arroz, cereais, batata, mandioca e farinha pertencem ao grupo dos  carboidratos complexos.
 
 
Quem quer  emagrecer, deve preferir uma alimentação equilibrada, composta por verduras,  legumes, frutas, feijões e carboidratos complexos integrais. Os alimentos  integrais são digeridos mais lentamente e, por isso, dão uma sensação maior de  saciedade, além de conterem fibras que ajudam a regular o intestino. Neste caso,  o pão integral pode ser uma opção melhor do que o pão branco.
Quanto aos  carboidratos simples, devem ser consumidos esporadicamente e com moderação. Para  perder peso, o ideal é evitar alimentos como doces, chocolates e guloseimas em  geral. A exceção fica para as frutas e o leite, que devem ser consumidos, uma  vez que são fonte de fibras (no caso das frutas), vitaminas e  minerais.
Praticantes  de atividades físicas, com duração superior a uma hora, devem priorizar a  ingestão de carboidratos antes, durante ou após a atividade. Já quem não pratica  exercícios deve controlar a quantidade de carboidratos, especialmente no período  noturno, em que o metabolismo do corpo fica mais lento.
O que  é glúten?
 
"Contém  glúten". Você já deve ter visto esse alerta nas embalagens de diversos  alimentos, certo? O glúten é uma proteína encontrada nos cereais (trigo,  centeio, aveia e cevada) e, portanto, está presente no pão. Essa proteína possui  uma capacidade elástica que permite o pão ficar fofinho e gostoso, por não  deixar arrebentar aqueles buraquinhos que se formam na massa quando ela cresce,  ou seja, fermenta.
A Agência  Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) exige que seja informado, no rótulo,  que o alimento contém glúten, porque algumas pessoas têm alergia a essa  proteína, uma moléstia chamada de doença celíaca.
 
 
 
 
Mas ao  contrário do que afirmam os defensores da dieta do glúten, uma dieta da moda que  invade academias e lojas de produtos naturais, a nutricionista Geila Felipe  explica que, até o momento, não há razão para crer que o glúten faça mal a  pessoas que não possuem a doença celíaca.
Segundo ela,  não existe nenhuma comprovação científica para o argumento de que o glúten forma  uma cola na parede do intestino, impedindo o seu funcionamento. "O que pode  ocorrer são casos mais raros de pessoas que descobrem que possuem algum grau de  alergia ao glúten já na vida adulta", esclarece a nutricionista.
 
Além disso,  no glúten, está presente um aminoácido (aminoácido é a menor estrutura de  uma proteína) chamado glutamina que, segundo Geila, é essencial para nutrir as  células do intestino: "Em caso de desnutrição grave de pessoas internadas, por  exemplo, a glutamina é muito usada para impedir que bactérias presentes no  intestino migrem para outros locais do corpo em busca de alimento e, desta  forma, acabem provocando infecções".