A inovação está em cada um de nós
José Fucs - Nancy Tennant - Revista Época nº 533 de 04/08/2008
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI9428-15246,00-NANCY+TENNANT+A+INOVACAO+ESTA+EM+CADA+UM+DE+NOS.html
Para a executiva americana, quando as pessoas têm liberdade para trabalhar, a mudança vem naturalmente.
Nancy Tennant
(foto de Rogério Albuquerque)
(foto de Rogério Albuquerque)
Revista Época - Fala-se muito em inovação hoje. O que é exatamente inovação?
Nancy Tennant - Se você fizer uma pesquisa com a palavra inovação na internet, vai encontrar umas 100 mil definições. Quando você e eu falamos sobre inovação, provavelmente estamos falando de coisas diferentes. Na Whirlpool, adotamos uma definição muito específica. Para um produto ou serviço ser considerado inovador, ele tem de atender a uma necessidade do consumidor, ser inédito no mercado, ter uma vantagem competitiva e ser único. Também tem de oferecer valor para o consumidor e para a empresa, ser passível de ser vendido.
RE - Nos últimos tempos, a inovação virou moda nas empresas. Tudo é inovação. Mas ela não foi sempre importante?
Nancy - É verdade, a palavra inovação tem sido usada de forma indiscriminada. Hoje, com a globalização, inovar tornou-se uma questão de sobrevivência. Há um artigo famoso da professora Rosabeth Moss Kanter, publicado na Harvard Business Review, em que ela fala sobre as grandes ondas de inovação que ocorreram na indústria. Fala sobre a onda de inovação dos anos 70, que se deu em cima da qualidade, a dos 80, que ocorreu em torno da produtividade, e a dos 90, relacionada com o mundo digital. Agora, a onda são os produtos com novas características e funcionalidades para atender a novas necessidades do consumidor.
RE - Hoje, quando se fala em inovação, muitas pessoas pensam no Google, na Apple e em outras empresas de tecnologia. Elas estão certas?
Nancy - Acho que o Google e a Apple são duas empresas excepcionais. Em 1999, quando começamos a pensar de forma sistemática em inovação na Whirlpool, procuramos aprender lições dessas empresas, mas tivemos de fazê-las funcionar em nossa cultura. Também olhamos para empresas mais tradicionais, como a 3M (fabricante do famoso Post-It, o adesivo colorido usado para lembretes), a Procter & Gamble (gigante americana do setor de higiene e limpeza) e a Cemex (empresa de cimento mexicana). Foi Gary Hamel (consultor americano especializado na área de estratégia) quem nos alertou para a Cemex. É impressionante como ela conseguiu ser tão voltada para a inovação sendo uma empresa de cimento.
O pior inimigo da inovação é a mesmice e para derrotá-la é preciso mostrar
como a diferença e a originalidade podem trazer bons resultados.
RE - Como uma empresa pode incorporar a inovação no dia-a-dia?
Nancy - Há cinco anos, eu diria que seria preciso fazer uma grande mudança, inflamar as pessoas, treiná-las e desenvolver métricas claras para medir os resultados. Naquela época, eu seguia um modelo muito tradicional, acreditava que tinha de forçar as coisas para elas acontecerem. Estava tentando criar sistemas para as pessoas poderem inovar. Achava também que você tinha de ir a algum lugar para inovar, ficar isolado com um pequeno grupo de pessoas pensando numa solução inovadora. Depois, percebi que a inovação é que tem de vir até você. Não dá para ir para uma sala, como se fosse uma espécie de laboratório, e dizer: "Agora, vamos inovar". Percebi que a inovação está dentro de cada um de nós. Profundamente. De repente, me dei conta de que a forma certa de a inovação acontecer é deixar a coisa correr solta. Temos de deixar a inovação fluir. Quando todo mundo está impregnado do espírito da inovação, ela vem até você, todos os dias.
RE - Na prática, o que é preciso fazer para deixar o espírito da inovação fluir?
Nancy - Você precisa ter alguma liberdade para trabalhar naquilo que quer. A empresa não pode dizer que deseja um produto assim ou assado e pedir para você criá-lo. Não é assim que a coisa funciona. Agora, se eu abrir espaço para você dar vazão a sua paixão, a mudança acontece. É muito diferente forçar a mudança em você e deixar você criá-la por si mesmo. Quando alguém força a inovação, pode até conseguir um bom resultado. Mas, quando deixa o espírito da inovação impregnar a empresa e permite que as pessoas possam trabalhar em coisas que as estimulem, com seus colegas, a inovação vem naturalmente.
RE - Por que tantas empresas fracassam ao tentar impregnar seu pessoal com o espírito da inovação?
Nancy - Se você pretende mudar completamente uma empresa para soltar algo que está dentro de cada um de nós, precisa saber que é um processo de longuíssimo prazo. A inovação é mais uma capacidade que você desenvolve que uma questão específica, que você aborda num certo momento e depois esquece. Não dá para fazer isso em um ou dois anos. Além disso, muitas vezes, acontecem mudanças no comando da empresa ao longo do caminho. Surgem novas lideranças. Muitas empresas também fracassam na hora de fazer uma inovação ganhar escala. Elas até conseguem iniciá-la como um projeto, ser relativamente bem-sucedidas e lançar um produto ou serviço no mercado. Mas, na hora de multiplicá-lo e torná-lo sustentável, muita gente fracassa.
RE - Os marqueteiros sempre falam que é necessário fazer pesquisa de mercado para lançar produtos. Precisamos mesmo disso para ser inovadores?
Nancy - Em parte, sim. Uma das coisas que ajudam a estimular a inovação é a disponibilidade de informação e de dados. É importante que as pessoas explorem o mundo, as novas tendências. Mas é claro que não é suficiente. Você tem de ter instinto, um tipo variado de pessoas trabalhando juntas e uma linguagem comum. Precisa ter também um pouco de sorte.
RE - Qual é o maior inimigo da inovação e como podemos derrubá-lo?
Nancy - A mesmice. Fazer sempre tudo igual e esperar que as pessoas concordem com isso. E acho que, para derrubá-la, é preciso mostrar exemplos de como a diversidade, a diferença e a originalidade podem trazer resultados excepcionais.
RE - Qual livro está lendo agora?
Nancy - Estou lendo o livro When You Are Engulfed in Flames (Quando Você Está Envolvido em Chamas, ainda não traduzido no Brasil), do humorista americano David Sedaris, porque gosto de ler coisas engraçadas, e um livro de poesia do Langston Hughes, que uma amiga me deu. Raramente leio livros de negócios.
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