Suicídio supera baixas no Iraque
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Jornal do Brasil - 16/11/2007
Washington - Números alarmantes foram divulgados ontem sobre as guerras no Afeganistão e Iraque. O número de veteranos que cometeram suicídio é quase o dobro da quantidade de soldados que morreu em combate no Iraque desde a invasão, em 2003.
Só em 2005, pelo menos 6.256 veteranos se mataram - uma média de 17 pessoas por dia. A estatística é comparada com o total de 3.863 militares americanos mortos no Iraque desde 2003 - uma média de 2,4 por dia, segundo o site ICasualties.org.
Os ex-soldados são duas vezes mais propensos a cometer suicídio do que o resto da população. E o índice mostra que os veteranos americanos são parte de uma "epidemia de saúde mental", geralmente ligada ao estresse pós-traumático.
Os dados foram coletados pela rede de notícias CBS News e fazem parte da primeira tentativa no país de contar a quantidade de suicídio entre os veteranos. Como o país não tem um banco de informação unificado, o canal de notícias pegou os dados de suicídio de cada Estado e comparou os nomes dos mortos com a lista de soldados que voltaram do Iraque e do Afeganistão.
Entre os americanos civis, o índice de suicídio é de 8,9 para cada 100 mil habitantes. Entre os veteranos, o número salta para 18,7. O risco é ainda maior para os recrutas entre 20 e 24 anos: 22,9, quase quatro vezes mais do que os civis da mesma idade.
Há hoje 25 milhões de veteranos nos Estados Unidos, 1,6 milhão deles serviu nos conflitos do Iraque e Afeganistão.
- Nem todos voltam para casa com ferimentos de guerra mas, no fim, ninguém volta sem ter mudado - descreve Paul Rieckhoff, ex-marine e fundador da ONG Iraq and Afghanistan Veterans for America.
A CBS entrevistou o pai de um soldado de 23 anos que deu um tiro na própria cabeça em 2005. Ele afirma que os militares tentam esconder o problema.
- Eles não querem que o real número de baixas seja conhecido - disse Mike Bowman.
O filho de Bowman, Tim, patrulhava uma das áreas mais perigosas de Bagdá: a estrada para o aeroporto.
- Quando ele voltou, seus olhos estavam sem vida. Não havia mais aquela luz no olhar.
Oito meses depois, no dia de ação de graças - o feriado mais importante para as famílias americanas - Tim cometeu suicídio.
Outro estudo publicado na semana passada mostra que os veteranos americanos são um em cada quatro pessoas sem-teto nos Estados Unidos, ainda que representem apenas 11% da população total do país. A situação não é exclusiva dos mais velhos. Ex-soldados jovens costumam procuram abrigos e os chamados sopões para se proteger e se alimentar depois de voltarem do serviço no Iraque e no Afeganistão. E também mostra a falta de cuidado que o governo adotou com seus heróis de guerra: os veteranos do Vietnã demoraram uma década para ficarem em situação de miséria suficiente para virar sem-teto.
- Para muitos, voltar para casa da batalha não é um fim no conflito - explica Daniel Akaka, diretor do comitê do Senado para os veteranos. - Não há dúvida de que algo precisa ser feito.
Este ano, pelo menos um general foi dispensado por mau tratamento aos veteranos do Iraque e Afeganistão. Kevin Kiley era o diretor do Walter Reed Army Medical Centre, em Washington, onde os pacientes - muitos com danos mentais - vagavam pelos corredores, abandonados, e havia até ratazanas à solta.
Os governantes dos EUA sempre se intrometeram nos assuntos internos de outros países, destruindo suas riquezas e seus valores, para impor o que só interessava aos seus interesses, o que nem sempre significava o interesse para sua própria população. Mas nesses últimos anos a decadência dos EUA já é tão grande, e tão visível, que até já age contra o seu próprio povo. Mas não podemos ter a "visão", ou o "sentimento" de que esses soldados sejam vítimas do governo dos EUA, pois TODOS eles são voluntários e foram a um outro país apenas para matar e para defender uma política indefensável, injusta e covarde; essa é a cultura americana, a de conquistar os outros pela força. Esse ônus dos governantes americanos para com o seu próprio povo ainda causará muitas desgraças e despesas para a sua própria população. Estamos vivendo "A Queda do Império Americano". Drauzio Milagres.
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