Os Superestimados do Brasil
Dagomir Marquezi - Revista Época nº 523 de 26/05/2008
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG83832-9569-523,00-OS+SUPERESTIMADOS+DO+BRASIL.html
Quem é ídolo mas não está com essa bola toda?
Um dos editores da revista americana Entertainment Weekly publicou em sem blog ("O Glutão") uma lista de artistas e obras que ele considera "overrated". Não existe uma tradução exata em português, a mais próxima é "superestimado". São obras e pessoas que (por uma série de razões) costumam ser julgadas melhores do que realmente são. Ross inclui em sua lista mitos sagrados.
Como a série Friends, que ele chama de "infernalmente irritante". Chega a dizer que se encontrasse aquela turma num bar "sairia na porrada". Detona duas veteranas bandas de rock (Grateful Dead e Pink Floyd) porque "não toma LSD nem fuma maconha" para entender o som que elas produzem. Diz que Al Pacino foi um grande ator até Scarface, mas que depois tem repetido o mesmo papel de neurótico, berrando na orelha de todo mundo.
Se nos Estados Unidos, com toda a sua implacável competitividade, existe essa coisa de "superestimar", imagina só no clima complacente da cultura brasileira. Aqui ninguém parece falar mal de ninguém. Todo mundo é maravilhoso, e todo espetáculo é belíssimo. Mitos se constróem com uma certa facilidade, e eles permanecem mitos sem precisar fazer muita força.
Cada um tem sua lista de "overrateds". Gente que brilha sob os holofotes e o faz pensar: "Esse cara não está com essa bola toda...". Muita gente vai discordar, mas eis alguns exemplos de minha lista pessoal:
Chico Buarque de Hollanda. Por que ele continua sendo visto como semideus? O auge de sua carreira aconteceu há um quarto de século. Seus livros fazem enorme sucesso entre críticos esnobes de literatura. Ele é lembrado principalmente pela cor de seus olhos e pela atração que exerce em determinadas mulheres. E por ser o ícone contra a ditadura militar brasileira que hoje apóia Fidel Castro. Superestimado?
Fernanda Montenegro. A primeira-dama do teatro brasileiro. Unanimidade nacional. Mas parece acometida da síndrome de Al Pacino. Há muito tempo faz o mesmo papel, de uma mulher firme, séria, objetiva, durona, esperta, sincera. Como Pacino, está virando uma personagem. Superestimada?
No Brasil, todo mundo parece maravilhoso, e todo espetáculo é chamado de "belíssimo".
Pitty. Tudo bem, o Brasil precisava de uma mulher para fazer o papel de "roqueira oficial", especialmente depois da morte de Cássia Eller. Mas Pitty entrou no mercado sendo tratada como dona de um talento espantoso e mostrando a arrogância de uma prima-dona. O rock brasileiro sempre se levou meio a sério, mas Pitty exagerou. Superestimada?
Oscar Niemeyer. O "arquiteto genial conhecido mundialmente" já foi "homenageado" nesta coluna por ocasião de seu centenário. Desde lá ele (que odeia o capitalismo) ficou um pouco mais rico espalhando mais desconfortáveis caixas de concreto pagos com dinheiro público. Superestimado?
Glauber Rocha. O nosso mais famoso cineasta, revolucionário, símbolo do anticonformismo, o homem da idéia na cabeça e a câmera na mão. Genial. E ninguém agüenta ver mais de dois minutos seguidos de qualquer um de seus filmes. A não ser que seja portador de masoquismo estético. Superestimado!
E você? Quem está em sua lista? Quem tem mais fama do que merece? Roberto Carlos? Fernanda Young? Arnaldo Antunes? Ana Carolina? Gisele Bündchen? Adriane Galisteu? Selton Mello?
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Essa frase do Dagomir Marquezi "No Brasil, todo mundo parece maravilhoso, e todo espetáculo é chamado de 'belíssimo'" é uma grande verdade. Em nosso meio cultural, e em nossa "fauna" de atores e atrizes, existe muita porcaria, mas o marketing "vende" como se bom fosse e a população aceita sem muita crítica. Drauzio Milagres.
ResponderExcluirGostei do post apesar de sua lista ser baseada em critérios pessoais.
ResponderExcluirOi "Barba Mal Feita", obrigado pelo comentário, mas o que seria uma "lista baseada em critérios pessoais"? Um abraço. Drauzio Milagres.
ResponderExcluirEssa frase do Dagomir Marquezi "No Brasil, todo mundo parece maravilhoso, e todo espetáculo é chamado de 'belíssimo'" é uma grande verdade. Em nosso meio cultural, e em nossa "fauna" de atores e atrizes, existe muita porcaria, mas o marketing "vende" como se bom fosse e a população aceita sem muita crítica. Um abraço. Drauzio Milagres.
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