A Suspeita de Jobim e o Tiro no Coturno
Wálter Fanganiello Maierovitch - Revista Carta Capital - 03/09/2008
http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=1978
A intervenção do ministro da Defesa no caso dos grampos gera uma pergunta que não quer calar:
As Forças Armadas, que têm o mesmo equipamento da Abin, só o utilizam para fazer varreduras?
Wálter Maierovitch
Wálter Fanganiello Maierovitch - Revista Carta Capital - 03/09/2008
http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=1978
A intervenção do ministro da Defesa no caso dos grampos gera uma pergunta que não quer calar:
As Forças Armadas, que têm o mesmo equipamento da Abin, só o utilizam para fazer varreduras?
Wálter Maierovitch
O ministro Nelson Jobim, da Defesa, sustentou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) adquiriu, logo depois de compra feita pelas Forças Armadas, equipamentos modernos de interceptação e gravação telefônica. Em outras palavras, a Abin teria instrumental para realizar grampos clandestinos.
Segundo os jornais, a intervenção e veemência de Jobim, em reunião extraordinária, teriam motivado o presidente Lula a determinar o afastamento do diretor-geral da Abin, delegado Paulo Lacerda, e de quatro outros auxiliares.
Responsável pela Abin, o ministro-general Jorge Félix, depois de surpreendido na reunião com a acalorada fala de Jobim, alertou, posteriormente, que o equipamento em questão serve para varreduras, ou seja, é empregado para evitar que a agência e os seus 007 sejam grampeados.
Como toda a arapongagem sabe, o equipamento adquirido pode ser empregado, com adaptações, para a realização de captação de sinais e promoção de escutas ilegais. Trata-se, também, de equipamento conhecido e comprado pela polícia federal a fim de bloquear dois presídios de segurança máxima.
O fato de existir o equipamento, por evidente, não implica que a direção da Abin autorize grampos e agentes de inteligência saiam a bisbilhotar. No caso, a responsabilidade da Abin é grande, com relação à guarda do equipamento e distribuição para uso.
Quanto ao equipamento, dizem os especialistas, não há possibilidade, uma vez realizada qualquer grampo, de apagar o registro eletrônico da operação na memória do equipamento. Assim, uma perícia, - que já tarda -, poderia afirmar se os números dos telefones do senador Demóstenes e de Gilmar estão na memória dos equipamentos da Abin. Daí, para a identificação do agente operador bastaria um passo.
Jobim, na verdade, joga na busca do protagonismo. Procura, como faz sempre, aparecer como fundamental e fiel escudeiro de Lula. No entanto, Jobim sabe muito bem que o fato de a Abin possuir equipamento, comprado legalmente, não traduz certeza de ela ter grampeado Demóstenes e Gilmar.
A intervenção de Jobim gera uma pergunta que não quer calar: As Forças Armadas, que possuem igual equipamento, também realizam grampeamentos ou o equipamento é só para varreduras?
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