Metástases mais rápidas
Riad Younes - Revista Carta Capital nº 512 de 10/09/2008
http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=2007
Riad Younes - Revista Carta Capital nº 512 de 10/09/2008
http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=2007
Durante décadas, os oncologistas acreditaram que um tumor maligno progride de forma gradual. Que ao alcançar um determinado volume, as células cancerosas começam a se soltar do tumor primário, entram na corrente sanguínea ou linfática e se espalham pelo corpo. Essa teoria está na base, no fundamento da prática de recomendar exames periódicos para detectar precocemente um tumor maligno. Se diagnosticado em volumes reduzidos, as chances de cura são excelentes e a probabilidade de as células se disseminarem é mínima.
Um estudo realizado por pesquisadores do hospital de câncer Memorial Sloan-Kettering, em Nova York, porém, deverá mudar os conceitos acima. Os resultados da pesquisa acabam de ser publicados na revista Science. Liderados por Katrina Podsypanina, os cientistas conseguiram modificar células mamárias experimentais de forma a impedi-las de demonstrar qualquer potencial maligno até o comando do próprio pesquisador. A célula ficaria dormente até receber a "ordem" de deflagrar o funcionamento de genes do câncer, chamados de oncogenes. Em laboratório, eles injetaram os camundongos com essas células mamárias modificadas e observaram os animais durante várias semanas. Ao sacrificá-los, encontraram células mamárias alojadas nos pulmões, mesmo sem terem deflagrado o funcionamento de oncogenes.
Dado o comando apropriado pelo pesquisador, essas células começaram a se dividir e a produzir tumores em cada local onde se encontravam. Esses resultados são espantosos, pois apontam para a possibilidade mais comum de a disseminação das células tumorais pelo corpo ocorrer muito mais cedo do que os oncologistas pensavam. Talvez, possivelmente, nas fases muito iniciais da formação do câncer.
Os resultados levam a crer que as células ficariam "adormecidas" até receberem um sinal específico para começar a se dividir e a produzir tumores. Isso poderia explicar por que alguns pacientes apresentam metástases (tumores secundários) muitos anos após o tratamento eficaz de um tumor primário, muitas vezes encontrado e tratado ainda na fase precoce. Mais ainda, esses dados novos sugerem que as metástases poderiam surgir de células aparentemente normais. Outros estudos estão sendo realizados para confirmar a hipótese. Se essas observações forem corretas, os oncologistas terão de repensar de uma forma totalmente inovadora suas estratégias de tratamento, de diagnóstico precoce e de prevenção do câncer.
0 Comentários::
Postar um comentário
Entre no Blogger O Mundo No Seu Dia-a-Dia e faça seus comentários. Um abraço. Drauzio Milagres - http://drauziomilagres.blogspot.com