Boas-Novas Contra o Câncer
Riad Younes - Revista Carta Capital nº 506 de 30/07/2008
http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=1620
Riad Younes
O câncer de próstata atinge muitos dos homens, principalmente após os 65 anos. Com a atenção focalizada na doença e a disponibilidade de exames simples (exame clínico e teste do PSA no sangue), aumentou muito a freqüência de detecção precoce de tumores malignos. Para as formas iniciais da doença, o tratamento cirúrgico ou a radioterapia podem ser suficientes, garantindo altas taxas de controle e de cura da doença. Infelizmente, alguns pacientes (20% a 25% dos casos) se apresentam com a doença avançada, disseminada na próstata ou no resto do corpo.
Metástases para os ossos são especialmente comuns. Nesta fase, os urologistas e os oncologistas utilizam tratamentos que bloqueiam os hormônios masculinos (andrógenos como a testosterona) dos pacientes. Esses hormônios podem estimular o crescimento das células tumorais, sabidamente dependentes deles.
Os medicamentos atualmente disponíveis no mercado basicamente bloqueiam a produção hormonal do cérebro (glândula hipófise ou hipotálamo). Mas às vezes apresentam falhas, como um controle ineficaz da secreção hormonal e a incapacidade de bloquear, de forma eficiente, a produção em glândulas como a supra-renal (glândula que fica acima dos rins). Para alguns pacientes com câncer de próstata avançado, essas falhas reduzem as chances de controle da doença e dos sintomas desconfortáveis associados às metástases. A qualidade e a quantidade de vida dos doentes ficam limitadas.
Um estudo recentemente publicado na prestigiosa revista Journal of Clinical Oncology, por pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer da Inglaterra, lançou a possibilidade de uma esperança concreta para tratar os pacientes resistentes à terapia anti-hormonal disponível atualmente. O estudo é do tipo Fase I, ou seja, a primeira etapa na pesquisa de uma droga, mas os resultados são muito interessantes.
Uma nova molécula antiandrógena chamada abiraterona tem um mecanismo de ação inovador. Consegue "atacar" a produção dos hormônios masculinos, em qualquer órgão, agindo em uma enzima (CYP17) fundamental na transformação do colesterol em testosterona. Bloqueia, portanto, a secreção de hormônios masculinos em todo o corpo.
Nos 21 pacientes incluídos no estudo muito preliminar, houve uma resposta clara à abiraterona no tratamento de pacientes com câncer de próstata avançado e resistente à terapia convencional. Os níveis de PSA (marcador da extensão do câncer de próstata) diminuíram em mais de 50%. Muitos pacientes (57% dos doentes estudados) apresentaram melhora significativa dos sintomas relacionados ao câncer, como dores e incapacidade de urinar.
Fernando Maluf, oncologista do Hospital Sírio-Libanês, um dos maiores especialistas brasileiros no tratamento de tumores urológicos, considera a abiraterona "um grande avanço em termos de opção hormonal nos pacientes com câncer de próstata resistente a hormonioterapia convencional, que tenham recebido ou não quimioterapia, sendo um dos tratamentos hormonais de maior atividade neste cenário". Maluf acrescenta que este estudo ainda é preliminar, mas outras pesquisas confirmam o otimismo.
Os resultados foram corroborados, continua Maluf, por dois outros estudos de Fase II (mais avançada da pesquisa, com 66 pacientes), apresentados no Congresso Americano de Oncologia realizado há um mês em Chicago, com respostas avaliadas pela queda significativa do PSA, de 53% a 70%. O interessante, segundo Maluf, foi a forma prática de administração da abiraterona (dose única diária por boca), e a excelente tolerância dos pacientes ao novo medicamento, com pouca toxicidade ou complicações importantes. Por outro lado, o oncologista alerta que esse medicamento ainda está em fase de estudo e não está aprovado para uso rotineiro no Brasil ou em outros países.
"Apesar de a notícia ser encorajadora, os pacientes devem aguardar estudos mais extensos que estão sendo realizados. Por enquanto, ninguém deve correr ao seu médico exigindo esse medicamento", afirma Maluf.
De Riad Younes: "O câncer de próstata atinge muitos dos homens, principalmente após os 65 anos. Com a atenção focalizada na doença e a disponibilidade de exames simples (exame clínico e teste do PSA no sangue), aumentou muito a freqüência de detecção precoce de tumores malignos". A prevenção sempre é o melhor caminho. Um abraço. Drauzio Milagres.
ResponderExcluirÓtima notícia, já é um avanço.
ResponderExcluirAbraços.
Oi Junior Silva, que esses estudos possam avançar e serem disponibilizados para a população o mais breve possível. Um abraço. Drauzio Milagres.
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