Documentário alerta contra a privatização da saúde
Agência Petroleira de Notícias - 27/03/08
http://www.apn.org.br/
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O filme "Sicko-SOS Saúde", do cineasta norte-americano Michael Moore,
levanta uma reflexão sobre as conseqüências da privatização do atendimento médico e hospitalar.
levanta uma reflexão sobre as conseqüências da privatização do atendimento médico e hospitalar.
Ao mesmo tempo em que cresce no Brasil o sistema de saúde privado, não raro justificado por autoridades governamentais como "um mal inevitável", está em cartaz um filme que reflete sobre as conseqüências da privatização do atendimento médico e hospitalar: "Sicko-SOS Saúde", do cineasta norte-americano Michael Moore.
A realidade retratada pelo corajoso e polêmico Michael Moore, quase expulso dos Estados Unidos, por ter levado os heróis do "11 de setembro", os bombeiros, para tratamento médico em Cuba, torna o documentário imperdível. Soa inacreditável que os bombeiros feridos durante o trabalho, depois do atentado às torres gêmeas nos Estados Unidos, não tiveram sequer um leito de hospital para se tratar, sequer condições de comprar um vidro de remédio, porque não ganham o suficiente para ter acesso ao caríssimo, inacessível até para as classes médias, sistema de saúde do país mais rico do mundo.
Os bombeiros-heróis do "11 de setembro" são apenas um exemplo. Talvez o mais comovente, protagonistas de um episódio que Moore, genialmente, trouxe para o centro da trama em seu documentário. Mas o conjunto dos depoimentos das vítimas do sistema de saúde privado deve servir de alerta, para que os defensores da saúde pública e gratuita no Brasil redobrem suas energias e ampliem a resistência contra a privatização progressiva.
A Constituição de 1988 assegurou que a saúde no Brasil deve ser tratada como um direito e não como um privilégio. Logo, deve ser pública e gratuita, extensiva a todo cidadão, independente de renda, cor, gênero ou classe social. No entanto, o avanço das políticas neoliberais, sobretudo na década de 1990, vêm minando, de todas as formas, o Sistema Único de Saúde (SUS) e acenando com os planos de saúde privados como a saída possível.
Em seu documentário, Moore deixa claro que o sistema adotado nos Estados Unidos é muito mais ineficiente do que o adotado não só em Cuba, mas também no Canadá, na França, na Inglaterra, na Alemanha que mantêm, apesar dos lobbies das empresas de saúde e dos ataques sofridos pelos governos neoliberais, o caráter público da assistência médica e hospitalar e remédios a preços acessíveis ou, em alguns casos, gratuitos.
A crise do sistema de saúde privado nos Estados Unidos é antiga, embora a voz dos que refletem sobre o tema e propõem alternativas não chegue às páginas dos jornais. Paul Krugman, professor da Universidade de Princeton, escreveu:
"O sistema de saúde dos EUA gasta mais, e obtém piores resultados, do que qualquer outro país avançado. Em 2002, os Estados Unidos gastaram US$ 5.267 por pessoa em atendimento médico; o Canadá gastou US$ 2.931, a Alemanha US$ 2.817 e a Grã-Bretanha só US$ 2.160. Mesmo assim, os EUA têm expectativa de vida menor e mortalidade infantil maior do que aqueles países".
De acordo com o pesquisador, "quarenta por cento dos americanos não conseguem comprar os remédios prescritos por causa do preço. Um terço não pôde pagar consultas médicas ou fazer exames complementares". Para Krugman, a solução é óbvia: cobertura médica disponível para todos.
Em sua análise, prossegue dando exemplos concretos: "Taiwan, que há dez anos trocou um sistema de saúde semelhante ao dos EUA por um sistema ao estilo canadense, dá uma lição sobre as vantagens econômicas da cobertura universal. Em 1995, menos de 60% dos taiwaneses tinham seguro de saúde; em 2001, eram 97%. De acordo com um estudo publicado pela Health Affairs, esta enorme expansão da cobertura saiu praticamente de graça: os gastos globais com a saúde aumentaram pouquíssimo, devido ao aumento no número de contribuintes e do aumento de sua renda".
A população brasileira conquistou, em 1988, uma das constituições mais avançadas do mundo, no que diz respeito ao entendimento de que a saúde é direito de todos, portanto deve ser pública e gratuita. Num contexto em que as experiências ditadas pelo neoliberalismo apresentam evidentes sinais de falência, em vários países – nos Estados Unidos e, mais perto de nós, no Chile – é uma insanidade admitir retrocessos.
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A saúde pública no Brasil não vai melhorar nunca enquanto os políticos continuarem se "vendendo" aos lobbies dos Planos e das Seguradoras de Saúde. Para essas empresas, não há o menor interesse de uma assistência médica/hospitalar pública de qualidade. Enquanto isso, a população morre com o péssimo atendimento que recebe, fora as gravíssimas seqüelas que ficam quando não morrem. Uma medida paliativa seria abrir o mercado dos Planos e Seguradoras de Saúde para empresas estrangeiras. Isso certamente(???) diminuiria o poder desses lobbies. A concorrência seria saudável. Drauzio Milagres.
ResponderExcluirA década de 90 viu o crescimento de uma ideologia perversa e destrutiva: a ideologia neoliberal.
ResponderExcluirSegundo os defensores desta ideologia , objetivo da ideologia neoliberal é a de ajudar todos os seres humanos que estão subjugados pela opressão e pela tirania, a emergirem para um mundo de liberdade, paz, prosperidade e riqueza material e de espírito.
Na prática o que se vê é uma globalização da exploração do trabalho, inclusive o infantil e o escravo, em busca dos maiores lucros, levando à miséria e ao crime. O lucro, este deus dos nossos tempos deve ser buscado pelos yuppies engravatados dos escritórios das grandes capitais, à qualquer custo, mesmo que este envolva a quebra da economia de todo um país levando milhões de pessoas à morte lenta e cruel.
No bojo do ideário neoliberal está a idéia de que "todos" devem ganhar bem o suficiente para pagar um "bom" plano de saúde.
Trata-se de uma falácia. Na busca pelo lucro imoderado, as corporações de assistência médica só querem maximizá-lo, explorando a mão de obra médica, pagando valores vís por consultas e cirurgias, obrigando os profissionais a um trabalho febril que, muitas vezes leva ao êrro médico. Não é uma coincidência a ocorrência de tantos êrros médicos nos dias atuais. Não se deve esquecer também que o médico que aceita fazer uma consulta por US15.00, terá que fazer consultas demais para ter um salário digno. O que acaba acontecendo é que, com as exceções de praxe, os piores médicos permanecem nos planos de saúde, enquanto os melhores, mais experientes buscam sucesso na sua clínica particular. Procure um centro de saúde credenciado e veja se a maior parte dos médicos não é um bando de garotos recém saídos dos bancos da universidades.
E a saúde pública? Obedecendo aos interesses dos lobbies das corporações, com a colaboração direta dos nossos representantes, ela foi sendo dilapidada progressivamente até chegar ao caos que se encontra atualmente. Quem pode esquecer que a pasta municipal de saúde do município do Rio de Janeiro, até bem pouco tempo atrás, foi ocupada por um economista, que meteu os pés pelas mãos e redundou na maior e mais mortífera epidemia de dengue que já se viu neste país. Os neoliberais lambem os beiços pois estes fatos, para o cidadão comum, corroram a tese de que a saúde pública é ruim e deve ser desarticulada progressivamente.
Mas a saúde privada é boa? Já vimos que a remuneração não segura os médicos de boa qualidade. Mas e os recursos tecnológicos, ressonâncias, tomografias, exames caros, etc?
Balela! Ninguém se cura pela realização de exames complementares. Mais ainda, tente fazer um transplante de rim, coração pelo seu plano de saúde. Garanto que você vai se frustrar e, na urgência da doença você vai acabar sendo operado num hospital universitário da rede pública.
Se você sofre um acidente numa via expressa ou leva um tiro, aonde você vai ser atendido? Ora, num pronto socorro municipal ou estadual, não é mesmo? Você não gostaria de, nesse momento decisivo, ter um cirurgião, um neurocirurgião ou um ortopedista experiente para te atender? Mas como manter um profissional destes pagando um salário de US 400.00 por mês? Resultado desta equação é que o sucesso do primeiro atendimento, o mais importante nas emergências cai muito porque você vai acabar sendo atendido por um médico pouco experiente e, muitas vezes, por residentes e internos.
Todos estes fatos obedecem a um trabalho progressivo do desmantelamento da rede pública de saúde que só interessa aos planos de saúde que lucram cada vez mais com a desilusão da população com a medicina pública. São os nossos deputados, aqueles que deviam nos representar, mas que na verdade representam os interesses corporativos, que vão minando todas as possibilidades de reconstrução de uma saúde pública universal de boa qualidade.
Sou médico da rede pública de saúde desde 1982. Costumo dizer que na década de 80 eu fazia um atendimento da década de 80, na década de 90 meu atendimento migrou para a década de 70 e atualmente mal posso dizer que faço uma medicina da década de 60. Será que eu fiquei mais burro ou negligente? É claro que já me fiz esta pergunta. Mas posso responder de consciência tranquila: não fiquei não. É que me foram tirados, paulatinamente, insidiosamente, todas as condições de trabalho, equipamentos, possibilidades de tratamento. Em 1980 ao diagnosticar um câncer eu consegui, num prazo máximo de 3 ou 4 meses ter aquele paciente operado, fazendo sua quimioterapia ou radioterapia. Hoje, dentro deste prazo eu não consigo reunir nem os exames suficientes para o diagnóstico ou para o pré-operatório. Feito o diagnóstico o doente inicia a sua romaria por hospitais do Rio tentando conseguir uma vaga para tratamento, até que finalmente eles retornam a mim porque foram recusados nos hospitais porque os exames estavam vencidos. E tudo recomeça...
É, amigo Drauzio, a saúde vai mal, muito mal e não existe outra saída senão uma injeção vigorosa de recursos que a recuperem. Isto depende da proverbial "vontade política" que parece estar mais preocupada com fuxicos parlamentares, bolos de tapioca e outros quetais.
A população deve acordar. A grande massa tem que entender que ela não vai ter acesso à Golden Cross ou a Amil, que ela vai precisar, sim, do serviço de saúde pública e que deverá cobrar, mais do que do médico que está lá, mesmo de cara amarrada, atendendo ao povo, aos políticos que elege, uma medicina de qualidade.
Somente um serviço público de saúde de qualidade pode fazer frente às corporações, obrigando-as a prestar ainda melhores serviços a preços mais baixos. Do jeito que está, copiando o modelo americano de atendimento à saúde, não existirá a quem recorrer em caso de doença, enquanto os planos de saúde enriquecem cada vez mais.