A Militarização do Estado de Israel
Altamiro Borges - Adital - 12/01/2009
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=36804
Altamiro Borges - Adital - 12/01/2009
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Vários fatores explicam a sanha assassina dos sionistas contra os palestinos em Gaza, que já causou quase 800 mortos, entre eles, 257 crianças, segundo recente informe da conivente ONU. Há razões de natureza geopolítica, que confirmam que Israel é uma cabeça de ponte dos EUA no Oriente Médio, região rica em petróleo e nevrálgica no tabuleiro mundial. Há, ainda, causas mais conjunturais, ligadas às próximas eleições em Israel. Os dois mais visíveis carniceiros do atual genocídio - Ehuad Barak, ministro da Defesa, e Tzipi Livni, ministra das Relações Exteriores - disputam a cadeira de primeiro-ministro do país, distribuindo sangue na sua campanha eleitoral.
No impactante livro "A doutrina de choque. A ascensão do capitalismo de desastre", a premiada jornalista Naomi Klein agrega mais um elemento decisivo para se entender a política agressiva e expansionista do Estado de Israel. Conforme ele demonstra, com inúmeros dados e análises, este país hoje é dominado por poderosas corporações belicistas. Estas empresas privadas lucram com a guerra e a fomentam. Mesmo quando o restante da economia israelense patina, paralisada pelos confrontos, a Bolsa de Valores de Tel Aviv aponta lucros recordes das multinacionais da morte. Para elas, as crianças palestinas mortas e feridas engrossam as taxas de lucro do "livre mercado".
350 corporações de guerra
"As razões pelas quais a indústria israelense se coaduna ao desastre não são misteriosas. Anos antes que as empresas estadunidenses e européias se apoderassem do potencial de crescimento da segurança global, firmas de tecnologia israelenses construíram, de modo pioneiro, a sua indústria de segurança e continuam a dominar o setor até hoje. O Instituto Israelense de Exportação estima que Israel tenha 350 corporações dedicadas à venda de produtos para segurança nacional, sendo que trinta novas empresas desse tipo entraram no mercado em 2007".
Segundo explica, essas empresas da guerra sabotam qualquer acordo de paz mais duradouro com os palestinos. No passado, setores das classes dominantes até apostaram numa solução negociada do conflito para evitar maiores transtornos na economia israelense. Shimon Peres, ministro das Relações Exteriores no início da década de 90 e hoje um presidente-carniceiro, naquela época até defendeu um armistício como "algo inevitável". "Não estamos procurando uma paz de bandeiras. Estamos interessados numa paz de mercados", confessou por ocasião da assinatura dos Acordos de Oslo, em 1994. Atualmente, porém, com o Estado de Israel totalmente dominado e financiado pelas multinacionais da morte, a busca da paz já não é mais "inevitável". Muito pelo contrário!
Vitrine das empresas de armas
Para Naomi Klein, "a rápida expansão da economia de segurança de alta tecnologia criou enorme apetite dentro dos setores mais ricos e poderosos de Israel para abandonar a paz em troca da luta numa prolongada, e continuamente expansiva, Guerra ao Terror [senha cunhada pelo presidente-terrorista George W. Bush]". O Estado investiu fartos recursos na militarização da economia "e encorajou a indústria de alta tecnologia a migrar dos segmentos de informação e comunicação para os de segurança e vigilância... Jovens soldados israelenses, que ganharam experiência em sistemas de rede e equipamentos de vigilância enquanto cumpriram o serviço militar obrigatório, transformaram suas descobertas em planos de empreendimentos, quando voltaram à vida civil".
Com a eclosão da bolha pontocom, no início deste século, a próspera indústria de alta tecnologia de Israel foi "substituída pelo surto de expansão da segurança nacional. Era o casamento perfeito da inclinação autoritária do partido Likud com a aceitação radical da economia de Chicago" - o antro do neoliberalismo. Num curto espaço de tempo, o país se tornou numa vitrine das empresas de guerra. "Todos os anos, após 2002, Israel sediou pelo menos meia dúzia das principais conferências sobre segurança, destinadas a legisladores, chefes de polícia, delegados e CEOs de todo o mundo, como a ampliação anual de seu tamanho e escopo. Na medida em que o turismo tradicional declinou diante da insegurança, esse tipo de turismo surgiu para preencher a lacuna".
A paz não seduz os abutres
Hoje, a economia israelense está totalmente militarizada. As exportações de produtos e serviços "contraterrorismo" aumentaram 15%, em 2006, e quase 20%, em 2007, totalizando 1,2 bilhão de dólares ao ano. "As exportações de defesa do país alcançaram a cifra recorde de 3,4 bilhões de dólares (comparados a 1,6 bilhão de dólares em 1992) e transformaram Israel no quarto maior comerciante de armas do mundo. O país tem mais ações de tecnologia listadas no índice Nasdaq - muitas delas relacionadas à segurança - do que qualquer outra nação estrangeira e possui mais patentes tecnológicas registradas nos EUA do que China e Índia juntas. Seu setor de tecnologia, em grande parte vinculado à segurança, agora representa cerca de 60% de todas as exportações".
Numa economia deste tipo, a paz realmente não seduz a elite burguesa. Como afirmou um rico banqueiro israelense, Len Rosen, à revista Fortune, "a segurança importa mais do que a paz". Os negócios desta indústria da morte crescem com o derramamento de sangue inocente. Empresas israelenses, como o Nice Systems (que monitora telefonemas), Comverse (produz as câmeras de vídeo Verint), SuperCom (fabrica cartões de identificação eletrônica), Check Point (faz barreiras preventivas) e Audubon, Golan, Magal e Elbit (firmas de segurança privada e treinamento), entre centenas de outras, não têm qualquer compromisso com a vida - ainda menos dos palestinos.
Excitados com a guerra em Gaza
Os "senhores das armas" lucram com guerras e tragédias. "Os preços das ações da Elbit e Magal mais do que dobraram desde 11 de setembro [atentado nos EUA], um desempenho que se tornou padrão para as companhias israelenses de segurança nacional. A Verint, apelidada de 'vovó do segmento de vídeos de vigilância', não era nada lucrativa antes do 11 de setembro, mas, entre 2002 e 2006, o preço de suas ações mais do que triplicou, graças ao surto de crescimento da arte de vigiar". Em agosto de 2006, a sangrenta guerra contra o Líbano fez a Bolsa de Valores de Tel Aviv bater recorde. Após a vitória do Hamas nas eleições em Gaza, os abutres capitalistas viram a oportunidade de uma nova provocação belicista e a economia israelense cresceu 8%.
Um mês após o fim das agressões sionistas ao Hezbollah, a Bolsa de Nova Iorque promoveu uma conferência especial sobre investimentos em Israel. No Líbano, naquele momento, a atividade econômica estava paralisada; cerca de 140 fábricas ainda limpavam seus escombros. Mas, imunes aos impactos da guerra, os empresários israelenses reunidos nos EUA estavam animados. "Israel se encontra aberto para os negócios, sempre aberto para os negócios", exultou o embaixador Dan Gillermann. Como se nota, a guerra também é um ótimo negócio para os carniceiros sionistas.
Boicote aos produtos de Israel
Durante a longa e heróica resistência ao apartheid, os lutadores anti-racistas da África do Sul contaram com uma inestimável solidariedade internacionalista. Além dos crescentes e massivos protestos de rua, um movimento mundial de boicote às multinacionais daquele país, que sempre lucraram com o segregacionismo, contribuiu decisivamente para isolar os racistas. Agora, diante da barbárie promovida por Israel na Faixa de Gaza, um apelo internacionalista semelhante ganha corpo. A idéia é não comprar produtos fabricados pelos sionistas, que hoje escondem o "made in Israel" para driblar a repulsa mundial, mas tem o código de barras iniciado com o número 0729.
Este movimento de solidariedade, que adquiriu velocidade pela rede da internet nos últimos dias, teve início nos meios universitários da Europa e dos EUA. Uma das promotoras deste boicote é Olícia Zemor, uma judia indignada com as políticas genocidas de Israel - o que confirma que o movimento não tem qualquer marca anti-semita e nem é contra o povo israelense, mas sim contra a política terrorista e expansionista do Estado e das classes dominantes daquele país. Segundo ela explicou, em Paris, "o boicote se tornará ainda mais abrangente e eficaz quando os consumidores memorizarem o código de identificação internacional dos produtos israelenses, o 0729".
Produção em "terras roubadas"
"Os europeus, em particular, precisam saber que muitos dos produtos israelenses, beneficiando-se das tarifas preferenciais da UE, são fabricados nos territórios palestinos ilegalmente ocupados pelos colonos judeus, incluindo áreas 'anexadas' há pouco - e nisso é utilizada a água que Israel usurpa também, para não dizer rouba, dos palestinos", advertiu a corajosa judia. Outro ativista da jornada de boicote, o escritor Maurice Rajsfus, de 74 anos, explicou os motivos da sua adesão:
"Há muitos cidadãos judeus, como eu, que não vivem no passado, com esta vontade de transferir o ódio para os outros, de fazer os palestinos pagarem pelos crimes nazistas. O melhor modo de não se esquecer do holocausto consiste em evitar que outros homens, mulheres e crianças sejam reprimidas, sob indiferença geral". No âmbito universitário, o movimento já reúne 120 docentes europeus e estadunidenses, vários de origem judaica, que defendem a suspensão do intercambio com suas homólogas israelenses. No meio artístico, ele gerou o cancelamento de temporadas na Europa de companhias de dança e música israelense, enquanto congêneres européias decidiram não participar do próximo Festival de Israel. Também ocorrem protestos em ginásios de esporte.
Comércio já sente os efeitos
Segundo a imprensa européia, o boicote, deflagrado no meio universitário, já obteve o apoio de comerciantes e industriais e preocupa os empresários israelenses. Até agora, porém, nenhum país ocidental se declarou favorável ao movimento. Em abril passado, diante do bloqueio sionista à economia palestina, o Parlamento Europeu até discutiu sanções contra Israel, mas a proposta foi rejeitada pela Comissão Executiva da União Européia. Apesar disto, as exportações israelenses para o velho continente já caíram cerca de 20%, atingindo especialmente o comércio de armas.
Alguns fornecedores europeus também têm se recusado a vender várias peças de reposição para geladeiras e máquinas de lavar, "sob o pretexto que elas poderão servir à fabricação de mísseis". Sob pressão, a Alemanha decidiu retardar o fornecimento de motores e caixas de câmbio para os tanques e carros de combate Merkava, utilizados pelo exército israelense. Já industriais gregos e holandeses suspenderam a venda de detergentes de cozinha, argumentando que tais produtos são "potencialmente armas químicas". Empresários de origem palestina têm jogado papel decisivo na campanha, superando a passividade na defesa dos seus irmãos de Gaza e da Cisjordânia.
O papel ativo do sindicalismo
Além disso, o que é bastante sintomático sobre o papel que o proletariado pode jogar, estivadores noruegueses impediram recentemente a entrada no porto do Oslo de um cargueiro transportando mercadorias israelenses. Pouco depois, alguns dos principais sindicatos da Escócia, Dinamarca e Noruega conclamaram os trabalhadores a não comprar nos supermercados os produtos "made in Israel", principalmente o das suas poderosas multinacionais. O movimento do boicote já tem sido divulgado nos protestos de rua na Europa organizados, entre outros, pelas centrais sindicais.
O Brasil, que infelizmente ainda não tem uma cultura de solidariedade internacionalista, bem que poderia aderir ao movimento mundial das redes pelo boicote aos produtos sionistas. As primeiras manifestações contra o genocídio em Gaza, embora tímidas, já pipocam pelo país, a partir do ato em São Paulo, que reuniu 600 pessoas e teve o apoio das entidades e igrejas árabes, dos partidos de esquerda (PCdoB, PT, PSOL, PSTU e PCB) e dos movimentos sociais. Outras manifestações contra o terrorismo de Israel já estão agendadas para esta semana. Seria uma ótima oportunidade para divulgar o número 0729, da campanha mundial de boicote aos produtos sionistas.
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Quero deixar bem claro que, antes que me acusem, eu pessoalmente não tenho nada contra Israel, e muito menos contra os Judeus, mas fico extremamente revoltado contra essas ações covardes e desmedidas que os governantes e os militares israelenses estão fazendo contra a população civil da Palestina/Gaza. Nada se justifica. Tudo é puro interesse político/eleitoreiro e da indústria bélica. É uma pena que a ONU esteja totalmente desacreditada para fazer alguma coisa. Espero que um dia esses políticos e militares israelenses venham a ser julgados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por Crimes Contra a Humanidade. Essas ações belicistas de Israel ainda causará muita dor e sofrimento aos judeus no mundo todo, e que por isso, sejam julgados pelo seu próprio povo. Um abraço. Drauzio Milagres.
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