Você já planejou sua desaposentadoria?
Ricardo Neves - Revista Época nº 478 de 16/07/2007
Ricardo Neves - Revista Época nº 478 de 16/07/2007
Na semana passada, enviei um e-mail a um amigo, alto executivo de uma estatal, que foi devolvido com a mensagem: "Destinatário desconhecido". Como? Meu amigo trabalha ali há décadas. Telefonei para sua secretária, que me informou: "Ele se aposentou em abril". Questionada sobre o novo telefone de trabalho, ela respondeu: "Saiu sem projetos de voltar a trabalhar. Seu objetivo agora é curtir a vida e viajar".
Meu amigo, de apenas 52 anos, havia tempos já falava em aposentadoria como sinônimo de ócio. Não era de hoje que andava desanimado. Reclamava constantemente que as indicações políticas tinham tirado suas chances de progredir dentro da empresa e tornado o ar irrespirável. "O mérito foi substituído pela indicação de padrinhos políticos", dizia ele. Tendo entrado na empresa como estagiário aos 21 anos e contribuído por mais de 30 anos, meu amigo, desde os 40 e poucos, já contava aflito o tempo de sair e, nas conversas a respeito, ajuntava sempre a expressão "direito adquirido".
Do jeito como meu amigo se cuida, incluindo todos aqueles checkups anuais, ele deve viver com folga por mais uns 30 anos. Mas há outros anos além de sua própria existência na conta que sobrará para o INSS e seu fundo de pensão. Meu amigo casou-se pela segunda vez, alguns anos atrás, com uma mulher 15 anos mais jovem, com quem teve um filho. Não é arriscado dizer que o governo e os participantes de seu fundo previdenciário deverão prover para meu amigo e seus dependentes recursos para um horizonte de 40, talvez 50 anos, como contrapartida a seus 30 anos de contribuição.
Meu amigo não é um caso isolado. Tenho visto mais e mais colegas e amigos na faixa dos 40 e 50 anos contando aflitivamente o tempo para se aposentar. Para a geração que agora entra no mercado de trabalho, esses indivíduos de meia-idade – gente no auge da vitalidade e energia, falando sempre em "direitos adquiridos" – se tornarão um fardo social insuportável. O direito de alguns será visto como privilégio injustificável.
Os jovens da geração digital devem começar a desprogramar mentalmente as respostas velhas que a sociedade, os pais e as escolas introjetaram em suas cabeças. Chegou a hora de encarar a tendência de nos encaminharmos para um mundo onde emprego e aposentadoria virtualmente desaparecerão. Se quiser ter boas oportunidades, não pense em empregos. Pense em projetos. Além disso, viver será trabalhar ao longo de toda a vida. E, note bem, isso será mais uma conquista da humanidade. Sobretudo porque, de forma cada vez mais marcante, trabalhar será mais um processo mental que um esforço físico. Trabalhar até quase a hora de morrer será bom para sua saúde, para sua vida social, para sua libido, para seu bolso e para a sociedade como um todo.
Progressiva e mundialmente, o estado contribuirá cada vez menos para os tempos menos produtivos de cada indivíduo, seja esse ex-funcionário público, de empresa estatal ou da iniciativa privada. Desde já, a geração digital deverá ser mais previdente que a de seus pais e aprender a poupar para os anos de menor produtividade. Quem quiser ter recursos para complementar o cobertor fino de seguridade social fornecido pelo Estado terá de contribuir proporcionalmente para um fundo de pensão e fazer, além disso, uma carteira de ativos constituída por investimento, poupança e imóveis.
O fim da aposentadoria, como a que conhecemos no século XX, está mais perto do que imagina minha geração de quarentões e cinqüentões. Não se apavore se você for jovem. Desenvolva uma outra atitude e comece a fazer seus planos de longo prazo. Afinal, o ócio é bom quando serve de contraponto à vida produtiva.
Meu amigo, de apenas 52 anos, havia tempos já falava em aposentadoria como sinônimo de ócio. Não era de hoje que andava desanimado. Reclamava constantemente que as indicações políticas tinham tirado suas chances de progredir dentro da empresa e tornado o ar irrespirável. "O mérito foi substituído pela indicação de padrinhos políticos", dizia ele. Tendo entrado na empresa como estagiário aos 21 anos e contribuído por mais de 30 anos, meu amigo, desde os 40 e poucos, já contava aflito o tempo de sair e, nas conversas a respeito, ajuntava sempre a expressão "direito adquirido".
Do jeito como meu amigo se cuida, incluindo todos aqueles checkups anuais, ele deve viver com folga por mais uns 30 anos. Mas há outros anos além de sua própria existência na conta que sobrará para o INSS e seu fundo de pensão. Meu amigo casou-se pela segunda vez, alguns anos atrás, com uma mulher 15 anos mais jovem, com quem teve um filho. Não é arriscado dizer que o governo e os participantes de seu fundo previdenciário deverão prover para meu amigo e seus dependentes recursos para um horizonte de 40, talvez 50 anos, como contrapartida a seus 30 anos de contribuição.
Meu amigo não é um caso isolado. Tenho visto mais e mais colegas e amigos na faixa dos 40 e 50 anos contando aflitivamente o tempo para se aposentar. Para a geração que agora entra no mercado de trabalho, esses indivíduos de meia-idade – gente no auge da vitalidade e energia, falando sempre em "direitos adquiridos" – se tornarão um fardo social insuportável. O direito de alguns será visto como privilégio injustificável.
Os jovens da geração digital devem começar a desprogramar mentalmente as respostas velhas que a sociedade, os pais e as escolas introjetaram em suas cabeças. Chegou a hora de encarar a tendência de nos encaminharmos para um mundo onde emprego e aposentadoria virtualmente desaparecerão. Se quiser ter boas oportunidades, não pense em empregos. Pense em projetos. Além disso, viver será trabalhar ao longo de toda a vida. E, note bem, isso será mais uma conquista da humanidade. Sobretudo porque, de forma cada vez mais marcante, trabalhar será mais um processo mental que um esforço físico. Trabalhar até quase a hora de morrer será bom para sua saúde, para sua vida social, para sua libido, para seu bolso e para a sociedade como um todo.
Progressiva e mundialmente, o estado contribuirá cada vez menos para os tempos menos produtivos de cada indivíduo, seja esse ex-funcionário público, de empresa estatal ou da iniciativa privada. Desde já, a geração digital deverá ser mais previdente que a de seus pais e aprender a poupar para os anos de menor produtividade. Quem quiser ter recursos para complementar o cobertor fino de seguridade social fornecido pelo Estado terá de contribuir proporcionalmente para um fundo de pensão e fazer, além disso, uma carteira de ativos constituída por investimento, poupança e imóveis.
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Isso é uma questão de mudança cultural. É preciso pensar em poupar agora para termos um futuro com mais conforto e qualidade de vida. Um abraço. Drauzio Milagres.
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