Humilhados e Ofendidos
Katia Aguiar - 06/03/2009
Katia Aguiar - 06/03/2009
Sr. Presidente da CNBB,
Dom Geraldo Lyrio Rocha, Arcebispo de Mariana.
Em primeiro lugar, esclareço que no site da CNBB não consegui localizar o seu endereço eletrônico direto.
A atitude do arcebispo de Recife, ao declarar a excomunhão da mãe da criança de nove anos, 1,33m, 36kg, estuprada, bolinada, agredida, seviciada e engravidada pelo padrasto, e que por sua condição física, é obviamente incapaz de manter uma gravidez gemelar de altíssimo risco, não bastasse a já insuperável dor de toda a violência passada, me fez concluir que a decisão por mim tomada de abandonar os cultos litúrgicos dominicais foi mais do que acertada. A também excomunhão dos médicos e equipe profissional, que cumpriram a lei e o dever de proteger a vida da criança, ratificaram ainda mais a certeza de que agi corretamente e peço a todos que reflitam a respeito da abominável, insustentável e absurda maneira de tratar o caso pela igreja católica. Homens, como esse, investidos de autoridade eclesial usam ouro, suntuosidade, propriedades diversas, inclusive agrárias, e poder quando o que Deus sempre quis foi amor e solidariedade.
A hipocrisia revelada diariamente pela igreja católica à qual infelizmente dediquei anos e anos de minha vida, é chocante e agressiva e tem o mesmo sentido de violência perpetrado contra aquela criança. Qual o motivo que leva pessoas tão cultas, como bispos e arcebispos e até o Papa a permitirem atos como esse? Qual o motivo que os leva a não excomungarem e expulsar de seus cargos os membros pedófilos da igreja? Qual o motivo pelo qual não excomungaram o padrasto pedófilo que além de abusar sexualmente da pobre criança ainda abusou de sua irmã de 14 anos deficiente física e mental e que ainda, mesmo preso, ameaça a mãe delas de morte? Que justiça é essa? De Deus? Jamais. Apenas de homens que não entendem nada do que é a verdade divina.
Quando me decidi por não participar mais das missas aos domingos, o fiz em razão da vil atitude da igreja católica em pressionar o STF a conceder, numa abjeta atitude ecumênica, o habeas corpus (nº 82959) a um pastor evangélico pedófilo, Oséas de Campos, condenado por molestar crianças em Campos do Jordão. O que terá levado o senhor cardeal D. Geraldo Majella Agnelo, então presidente da CNBB, a se condoer por esse tipo de criminoso, ainda mais de uma igreja que concorre diretamente com a sua na busca de fiéis? Penso que a resposta está no histórico pedófilo de vários e vários de seus membros que jamais são excomungados, mas mudados de prelazia, o que lhes permite pedofilar novamente.
Na calada da semana do Carnaval, período em que o Brasil está atento apenas às festas e alegrias, os magistrados por 6 votos a 5, concederam-lhe o benefício da progressão da pena, o que foi festejado, em todas as cadeias do país, por mais de 80 mil presos condenados pelo terror que praticaram. Os juízes tiveram o aval do Sr. Presidente da CNBB naquela ocasião que levou-lhes pessoalmente ofício datado de 22 de fevereiro do ano de 2006 em prol desse tipo de prisioneiro cujos crimes estão incluídos na categoria de hediondo (Lei Nº. 8072/90). Como disse o jornalista Fritz Utzeri à época: "Isso caiu para a opinião pública, nestes tempos de violência como um tapa na cara. Sequestradores que assassinam suas vítimas, traficantes, estupradores, pedófilos, como o pastor que ganhou o 'direito' de voltar a aliciar crianças, agradecem enternecidos ao STF" e eu acrescento, agradecem também o empenho do Cardeal católico. A escritora Glória Perez, na época também se manifestou afirmando que a decisão do STF representou "a desvalorização da vida" e o Supremo "devolveu o direito de matar impunemente". Com a a imperdoável anuência, do senhor Cardeal.
Agora, numa atitude de extrema humilhação por quem já passou a dor incurável de ter a filha estuprada, vem o arcebispo de Recife falar em excomunhão dos legalmente envolvidos na interrupção da gravidez da pobre e sofredora menina, em uma cidade que já teve a grandeza de ter no comando da igreja um homem de verdade, D. Hélder Câmara.
Por favor, se não for para fazer o bem, padres, monsenhores, bispos, arcebispos, cardeais e papas devem se calar, e não tratar com desrespeito cidadãos honrados, dignos, e que acreditam num Deus de paz, amor e fraternidade e não de abandono numa hora crucial como esta.
E.T.: Caso queira me excomungar, fique à vontade. É da natureza de muitos de vocês. E não levarei em consideração porque Deus sabe a exata diferença que existe entre mim e o tipo de gente que se aproveita de cargos para interesses duvidosos.
Katia Aguiar
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depois dessas palavras ñ preciso dizer mais nada.....apenos digo CONCORDO PLENAMENTEMENTE...
ResponderExcluirOi Leonardo, é um absurdo o que a Igreja fez não? Esse texto da Katia Aguiar é muito bom. Um abraço. Drauzio Milagres.
ResponderExcluirPor que não matam então o estrupador, ao invés de crianças inocentes!?
ResponderExcluirÉ triste ver que há pessoas que se julgam católicas e nem ao menos sabem da sua religião.
E dizem asneiras e falam mal de gente que tenta impedir que a sociedade vire um caos.
É FATO, que a mídia manipulou muitas coisas relacionadas a este caso, forçando através de argumentos sentimentolóides, a sociedade a concordar com uma atrocidade contra a vida.
As pessoas assistem a mídia manipuladora, ao invés de buscar os verdadeiros fatos, e então se colocam contra várias coisas que elas deconhecem.
É muito triste ver que a ignorância e a criminalidade fazem parte do nosso dia-a-dia, e quem é responsável por ela não são as pessoas pobres, nem drogados, etcétera, são as pessoas que julgam ter muito estudo e acreditam que estão salvando a humanidade, mas muito pelo contrário estão matando, apoiando o assassinato e condenando pessoas que são a favor da vida.
Fê.
Oi Fê, a igreja é uma instituição, uma multinacional, que parou no tempo. Já a muito tempo que ela se desviou no caminho do amor, do perdão, da tolerância. Agora ela só prega a intolerância e se coloca como a única detentora da verdade. Um abraço. Drauzio Milagres.
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