http://coletivoccp.blogspot.com.br/2008/10/manual-prtico-da-desobedincia-civil_21.html
DESOBEDEÇA!
A Desobediência Civil é uma resistência pacifica, um direito de todo cidadão que não queira colaborar com as decisões que tem sido tomadas em seu nome. Desobedecer significa não colaborar com o sistema, entrar em conflito com sua ordem estabelecida, que tem causado danos aos povos e ao planeta. “O direito a revolução é reconhecido por todos, isto é, o direito de negar lealdade e de oferecer resistência ao governo sempre que se tornem grandes e insuportáveis sua tirania e ineficiência” (Henry D. Thoreau, autor de “A Desobediência Civil”). Não é necessário lutar fisicamente contra um governo, mas sim não apoiá-lo, não contribuir com ele, ignorar suas leis.
AUTONOMIA!
Autonomia significa a busca de auto-suficiência, viver dentro de nossa própria realidade e vivenciar nossas próprias experiências. Autonomia é a liberdade dos indivíduos de fazerem suas próprias escolhas, sem um sistema de controle e de sugestionamento ideológico. As pessoas têm o direito a terem oportunidade de governarem a si próprias. O que os autônomos lutam é pela liberdade dos indivíduos escolherem seus destinos, sem interferência de autoridades ou submissão a alguma hierarquia. Devemos escolher as pessoas com os quais possamos dividir afinidades, trabalhar e unir-se com eles para sobreviver e preencher todas as necessidades e desejos coletivamente, sem interferência da burocracia e da ideologia de lucro.
AÇÃO DIRETA!
Por que devemos esperar que alguém, alguma instituição, um partido ou empresa, reaja por nós? Por que duvidar de nossa própria capacidade de agir, de interferir, de transformar? Por que não confiar na possibilidade da auto-organização da inteligência coletiva?
Ação Direta é a potência que liberta um povo da submissão, é a raiz de todas as transformações que esse povo deseja. Se não agirmos diretamente, outros agirão em nosso lugar... e não em nossos nomes. “Feliz é o povo que não necessita de heróis”.
Se agirmos diretamente colheremos os frutos de nossas próprias escolhas.
REJEIÇÃO Á AUTORIDADE!
Autoridade é inibidora da criatividade potencial. A hierarquia é o fracionamento do poder de uns sobre os outros com a finalidade de controlar e manipular interesses alheios a nós. O Estado rouba das pessoas a capacidade de cuidar delas mesmas e de suas comunidades de forma direta. A coerção, manipulação e controle inibem a nossa capacidade de espontaneidade social, liberdade e criatividade. O Estado rouba e controla a comunidade para seu próprio benefício, e o destina a interesse daqueles que possuem seu controle.
NÃO DOUTRINAÇÃO!
A não reverência a um teórico, a ausência de um herói intelectual, no qual suas palavras acabem por se tornarem dogmáticas. Doutrinar significa cercar o indivíduo dentro de uma interpretação de mundo dada, estabelecida por uma ideologia de classe; e isso impossibilita a experiência própria, a perspectiva múltipla e o direito a uma alternativa de nossa própria escolha.
ESPIRITUALIDADE AUTO DIRECIONADA!
A religião consiste na necessidade (criada em nós!) de um mediador que nos conecte com a experiência da existência. Deixar o poder espiritual concentrado nas mãos de outros indivíduos nos enfraquece espiritualmente, e dá inicio a dependência de um especialista para tais relações. Esses mediadores, sacerdotes, monopolizam, manipulam e controlam este acesso à espiritualidade, aprisionam as percepções, reduzem os oprimidos á condição de suportar a opressão, porque é assim a vontade de Deus. Rejeitar qualquer autoridade ou hierarquia religiosa nós dá acesso direto para a percepção do maravilhoso e da sensação de comunhão com o todo.
APOIO MÚTUO!
No lugar da competição pratiquemos o Apoio Mútuo. Precisamos romper com o paradigma da competição, da propriedade do pensamento, da exploração do trabalho, e estarmos preparados para os tempos da coexistência, onde somente com o apoio mutuo poderemos criar a nossa própria realidade e transformá-la de acordo com as necessidades libertárias. A cooperação voluntária nasce somente a partir de homens livres, não oprimidos e não alienados.
SOMOS TODOS TERRÁQUEOS!
Rejeitar a noção de poder sobre a natureza, romper com o antropocentrismo. O homem é elemento da natureza, e esta noção de superioridade sobre as demais espécies, o especismo, está nos destruindo, nos levando ao colapso ecológico que já é uma realidade entre nós. Não somos os únicos terráqueos por aqui. Compartilhar da vida e da existência com as outras espécies é equilíbrio; submetê-las ao nosso padrão de vida é crime.
SENSUALIDADE NÃO REPRIMIDA!
O “outro” é parte individual que aprimora a complexidade. A repressão da sexualidade humana, ou sua canalização para interesses dos controladores, é crime. A condução de nossa própria sensualidade, as nossas escolhas, são pessoais e não devem ser submetidas a instituição do Estado ou a expressão moral de uma sociedade baseada em interesses de classes.
PENSAR + AGIR = ATITUDE!
Não separar pensamento da ação significa movimento, ter um caminho, tomar uma posição. Ter consciência da necessidade de mudança e tomar atitude! Nos desvencilharmos de todas as dominações que nos impedem de vivermos uma vida plena, que nos aprisiona a interesses que não nos pertencem e buscar a autonomia tanto na mente quanto na rotina. É preciso romper divisa entre teoria e pratica. Superar os antigos métodos, prescritos em teorias, e buscar a pratica vivendo de acordo com nossas próprias experiências.
ABOLIÇÃO DO TRABALHO PRODUTIVO!
O trabalho produtivo – a energia canalizada para o processo produtivo - nos empobrece, arruína nossos espíritos, nos submete á repetição, enfraquece os indivíduos capazes de desenvolver as mais diversas habilidades, nos impede de enfrentar e experimentar as mais diversas situações. O trabalho é o roubo de nossa energia criativa para os fins que não nos interessam e que geralmente são prejudiciais a nós mesmos e ao planeta. Grande parte de nossas vidas são apropriadas pelo trabalho produtivo. Trabalhamos em lugares que não gostamos, legitimando interesses alheios a nós, fazendo coisas que não nos interessam, fabricando objetos que não nos identificamos, tudo isso para comprarmos coisas que na realidade não precisamos. Estamos sempre muito “ocupados”, sem tempo para apreciar a vida e contemplar a existência, sem oportunidade de auto-reflexão. É preciso lutar pela emancipação do trabalho, se desvencilhar do universo do trabalho produtivo através da construção da autonomia.
SEM FRONTEIRAS!
O INTERNACIONALISMO requer a abolição das fronteiras, dos rótulos nacionalistas que segregam os povos e as comunidades do planeta O nacionalismo é uma ferramenta usada pelos dominantes para criar um sentimento de unidade numa sociedade dividida, o que nos impede de compreendermos que somos uma comunidade planetária. Fronteiras não existem, são frutos do imaginário humano, linhas imaginárias desenhadas em mapas e reproduzidas através do preconceito. Devemos romper com as fronteiras impostas em nossas mentes! Não devemos ter medo do “outro”, pois que ele é singularidade que nos conecta com o “todo”.
DEMOCRACIA DIRETA!
O sistema democrático representativo ainda nos prende a algum intermediário entre as relações. É ilusório acreditar que votar em representantes para exercer o poder em nosso nome seja um ato de liberdade. Voto nulo, voto em branco e abstinência eleitoral são atitudes de desobediência civil, de soberania sobre suas decisões. Todos sabemos que a comunicação de massa objetiva nos “convencer” a depositar nossa confiança em outro individuo, cujo caráter é trabalhado por um sistema de propaganda enganosa. Tal ideologia suprime a autonomia do individuo, a autogestão das comunidades, a soberania dos povos. Tal estrutura costura uma rede de necessidades e crenças que levem indivíduos, comunidades e sociedades a não confiarem em seu poder de autodescoberta, de autorevelação, de autodefinição, de governarem a si próprios.
DESLIGUE A TV!
A não colaboração com a mídia não significa uma critica passiva, mas uma ação de rejeição a sua lógica. Se libertar da realidade programada pela sociedade de espetáculo, romper com o tubo projetor que controla nosso dia-a-dia e descobrir nossas capacidade criativas. A TV dita o comportamento desejável, explora os desejos, ilude os sentidos, amortece as dores (que devem ser enfrentadas e não remediadas por mercadorias). Devemos vivenciar nossas próprias experiências, descobrir as contradições do mundo através de relações presentes, e não permitir que a mídia controle nosso quotidiano e formate as nossas crenças. Com tal rompimento só temos a ganhar: ninguém nos dirá o que vestir, o que pensar, o que comer. Descobriremos nossas reais necessidades, nossos próprios gostos, poderemos construir nossa própria visão de mundo. E isso pode nos colocar diante do desafio: criar os nossos próprios modos de expressão, construir uma rede de informações independente que gerem criticas e propostas.
AUTONOMIA DE LUTA!
A multiplicidade de organizações fortalece a luta. A autonomia de luta consiste em não necessitar se filiar a algum partido ou formar algum movimento para agir. O essencial é estarmos decididos a lutar, a levar adiante a nossa atitude de desobediência ao sistema que tem nos afetado de forma danosa. Assim agimos individualmente mas conectados num consciente coletivo, sem necessidade de hierarquias que nos venha dizer como temos que lutar.
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