Ciência como NÃO deve ser
Rogério Tuma - Revista Carta capital nº 467 de 24/10/2007
Propaganda sem controle na internet alardeia
Uma ONG baseada em Londres, chamada Sense About Science e formada por mais de 3 mil jovens cientistas que têm por objetivo levar a ciência útil para perto da população leiga, desmascarou uma série de empresas cujos produtos são anunciados na internet e que alardeiam uma série de vantagens mal explicadas.
Os pesquisadores Frank Swain e Alice Tuff utilizaram um parco  recurso e o esforço de um grupo de 33 jovens cientistas que participam de fóruns  na internet para esclarecer dúvidas de leigos em uma iniciativa intitulada VoYS - Voice of Young Science.
 Esse grupo de colaboradores escolheu algumas das mais  estranhas propagandas na internet e telefonou ou se serviu de e-mail para se  comunicar com os responsáveis pelo produto anunciado e discutir o mecanismo de  ação deles e a base científica que comprovasse a sua eficácia.
 Os produtos escolhidos variaram de um CD que canalizava 34  mil ondas magnéticas homeopáticas do computador para o corpo do comprador a um  spray que protegia o corpo contra radiação eletromagnética. Foram de  polivitamínicos que potencializam a nossa energia a emplastros que absorvem as  toxinas do corpo durante o sono. De um pingente que protege contra ondas  eletromagnéticas externas e organiza o nosso próprio campo para um nível mais  saudável até uma solução com íons negativos de oxigênio, cujas gotas tornariam  qualquer líquido potável.
 Ao todo foram 11 produtos. Os diálogos dos cientistas com os  vendedores e representantes foram editados em um livreto de 16 páginas que  inclui as perguntas feitas, as respostas obtidas e os comentários dos  cientistas. A publicação é extremamente útil para aprendermos quais as perguntas  que deveríamos fazer, mas nunca fazemos, ao ler a propaganda de um remédio  novo.
 Os diálogos são, no mínimo, hilários. Os atendentes, assim  como os anúncios, utilizam termos técnicos nem sempre verdadeiros e que nunca  fazem sentido. Muitas vezes os pesquisadores eram orientados a acessar no site  do produto mais informações, mas que nunca eram de origem comprovada, ou a  acessar o Wikipédia, ou o próprio Google para obter detalhes, nunca uma fonte  científica séria. É como um deles respondeu: "Eu não tenho nada mais  concreto..." que o website.
 Uma das fábricas, a famosa Clarins, promoveu um produto que  protegia as células da pele contra campos eletromagnéticos e até publicou um  estudo, porém, feito em células fora do corpo humano. Mas não respondeu a  nenhuma das perguntas da dra. Frances Downey, encarregada de investigar o artigo  em questão. Posteriormente, a agência governamental que controla a propaganda  nos Estados Unidos declarou que a Clarins não demonstrou que o seu produto era  realmente eficaz. E, mais, que a propaganda feita induzia o público a acreditar  que as ondas eletromagnéticas produzidas pelos produtos modernos lesavam a pele,  algo que ainda está para ser provado.
 Quando os pesquisadores conseguiam conversar com o  desenvolvedor do produto, invariavelmente este parecia convencido de que o que  anunciava era eficaz, mas invariavelmente também não possuía o background  científico para explicar como ele funcionava, e com freqüência se utilizava de  termos errôneos e falsos.
 É comum entre esses estelionatários a argumentação da pressão  que os grandes laboratórios exercem sobre a ciência e que o seu produto prefere  ficar longe das revistas científicas para fugir do assédio desses poderosos.  Isso dificulta a discussão de quem compra o produto com alguém tecnicamente apto  a questioná-lo.
 O mais revoltante é que os compradores desses produtos em  geral são pessoas desesperadas, com doenças crônicas ou incuráveis, sem muita  esperança na medicina científica e que ficam sujeitas a fazer qualquer coisa,  mesmo que não tenha eficácia comprovada.
 Depois de frustrantes e infrutíferas buscas de informação  científica verdadeira e útil nos telefonemas, os pesquisadores concluíram que,  primeiro, a falta de preparo e até o discurso malfeito dos atendentes indicam  que ninguém faz perguntas ou questiona a verdadeira utilidade do produto  anunciado, e, segundo, é uma obrigação civil dos cientistas caçarem as  desinformações e mentiras e desmascará-las, pois se eles não o fizerem quem irá  fazê-lo?
 E declaram: "Estamos cheios de anúncios pseudocientíficos que  brincam com o desespero de leigos e espalham frustração e desinformação. Isso  deve ser considerado um erro mal-intencionado. Informações pseudocientíficas  divulgadas ao público deveriam sofrer o mesmo rigor que estudos científicos  sofrem para ser publicados. E todos os envolvidos devem ser desmascarados e  legalmente responsabilizados".
 Voluntários podem mandar um e-mail para
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