O Azeite - O que há de novo
Helena Cid - Instituto de Metabolismo e Nutrição - IMeN - 17/08/2006
http://www.nutricaoclinica.com.br/content/view/661/16/
Resumo de apresentação no II Congresso Paulista de Nutrição Humana:
A dieta Mediterrânica de referência é baseada no padrão alimentar típico de Creta e de muitas outras regiões da Grécia e do Sul de Itália. No início dos anos 60, a esperança de vida dos adultos estava entre uma das mais elevada, mas, no entanto a incidência de doença coronária, certos tipos de cancro e outros doenças crônicas era bem reduzido.
O azeite é parte integrante dos diferentes padrões de alimentação mediterrânea e as últimas descobertas cientificas indicam que os principais benefícios para a saúde podem ser: redução de risco de doença coronária, prevenção de uma variedade de cancros e melhoria da resposta imunitária e inflamatória. O azeite parece ser um dos melhores exemplos de alimento funcional, com componentes variados que podem contribuir, devidos às suas propriedades promotoras de saúde. O azeite é bem conhecido pelo seu elevado teor de ácidos gordos monoinsaturados e uma espetacular fonte de fitoquímicos incluindo alguns polifenóis, escaleno e alfa-tocoferol, por exemplo.
Todo o alimento, que atravessa milênios, é um êxito, não um fracasso. O azeite é uma gordura milenar que do ponto de vista científico, ainda nos consegue surpreender.
Julgavamos que as investigações em torno do azeite já tinham chegado ao fim, mas somos confrontados com a identificação de novas substâncias e a sua correlação com as doenças que atormentam as sociedades modernas.
O azeite, principal componente gordo da dieta mediterrânica, é caracterizado por ter uma elevada quantidade de ácidos gordos monoinsaturados e um elevado teor de componentes antioxidantes. Esta gordura exibe numerosas funções biológicas que poderão ser benéficas para a saúde. Uma dieta rica em ácidos gordos monoinsaturados confere uma adequada fluidez às membranas biológicas, diminui o risco de peroxidação lipídica que afeta mais os ácidos gordos polinsaturados. Além disto, os antioxidantes presentes no azeite são capazes de captar radicais livres e fornecem uma proteção interessante contra a peroxidação.
Atuando sobre o perfil lipídico sérico, o azeite, faz diminuir os níveis plasmáticos de LDL-colesterol e aumenta as HDL-colesterol. Neste contexto, tem sido sugerida a substituição de ácidos gordos monoinsaturados em lugar de polinsaturados, o que tornaria as lipoproteínas plasmáticas menos sensíveis à oxidação e diminuindo a evolução da aterosclerose. Também existe evidência de que o azeite pode contribuir para um melhor controlo da hipertrigliceridemia que acompanha por vezes a diabetes.
Relativamente ao tubo digestivo, o azeite promove o seu equilíbrio e atua diretamente sobre a digestão.
Dos últimos estudos, tem ressaltado que é a presença de um perfil de polifenóis único, combinado com o escaleno e o ácido oléico, que conferem ao azeite propriedades únicas. O consumo generoso, dentro do recomendado em termos de ingestão de gorduras, de azeite extra-virgem que é particularmente rico em antioxidantes fenólicos pode conferir apreciável proteção contra alguns cancros (cólon, mama, pele), doença coronária e envelhecimento precoce por inibição do stress oxidativo.
Por outro lado, alguns estudos têm sugerido que o azeite pode ter um papel interessante ao nível das doenças inflamatórias e autoimunes, como por exemplo, a artrite reumatóide. Neste sentido, alguns autores têm encontrado que o azeite modifica a produção de citoquinas inflamatórias.
Recentemente, investigadores Americanos, identificaram no azeite extra virgem, um composto, o oleocanthal, que atua da mesma forma que o ibuprofeno (substância ativa dos analgésicos e anti-inflamatórios). O oleocanthal inibe as enzimas cicloxigenases, que desempenham um papel essencial como causadores de inflamações e dores.
Será que o azeite terá num futuro próximo capacidade medicinais evidentes? E que mais surpresas, nos pode ainda reservar a composição desta gordura milenar?