Abismo Entre o Discurso e a Prática
Cynthia Ribeiro - Responsabilidadesocial.com - 11/03/2008
http://www.responsabilidadesocial.com/article/article_view.php?id=573
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Pesquisa do Idec mostra que os grandes bancos que operam no país
desenvolvem tímidas práticas de responsabilidade social.
desenvolvem tímidas práticas de responsabilidade social.
Marcos Pó - Assessor Técnico do Idec
O discurso é forte, a intenção existe e algumas ações até mesmo estão sendo empreendidas, mas os grandes bancos que operam no Brasil ainda deixam a desejar quando o assunto é responsabilidade social. A constatação está numa pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que avaliou o comportamento de entidades financeiras em relação ao trabalho, consumidores e meio ambiente.
No estudo divulgado neste mês, o Idec analisou o discurso dos oito maiores bancos de atuação nacional (com mais de 1 milhão de clientes), entre junho e novembro de 2007. A pesquisa, exceto na parte referente aos consumidores, se baseou nas respostas das próprias instituições. "A nossa preocupação foi estabelecer uma avaliação com critérios claros e que permitissem tanto comparar as instituições quanto mostrar o posicionamento de cada uma delas em relação às melhores práticas de responsabilidade sócio-ambiental", explica o assessor técnico do Idec, Marcos Pó.
O resultado é surpreendente nesse momento em que os bancos tentam cada vez mais atrelar sua imagem à sustentabilidade. Numa escala de 1 a 5 pontos, nenhuma das instituições chegou a 3 pontos e a média do setor ficou em torno de 2 pontos. Os melhores desempenhos foram do ABN Amro Real (2,75) e Bradesco (2,60), seguidos do Itaú (2,41), Banco do Brasil (2,21), Caixa Econômica Federal (1,93), HSBC (1,73), Santander (1,51) e Unibanco (1,51).
No quesito meio ambiente, por exemplo, o Santander ocupou o último lugar do ranking (1,00), seguido do Unibanco e da Caixa (1,5). O melhor desempenho foi do ABN, com três pontos. Já nas relações com os trabalhadores, a melhor nota obtida foi do Itaú (3,25) e a pior do Unibanco (1,75). Mas foi no item relações com consumidores que os bancos tiveram as notas mais baixas: Itaú, HSBC, Unibanco e Santander tiveram 1,33 (péssimo) e ABN, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa ficaram com 2 (ruim).
"Uma instituição só pode ser considerada socialmente responsável se aplicar os conceitos de ética, com o respeito à legislação e com a preocupação sobre os seus impactos na sua operação cotidiana. Ações filantrópicas e projetos sociais são louváveis, mas não substituem a preocupação ética diária", destaca Marcos Pó.
Para o gerente nacional de responsabilidade social da Caixa, Jeter de Souza, a comparação com outras instituições representa uma oportunidade de aprendizado. "Não cabe um julgamento sobre os critérios ou metodologias, pois são próprias do instituto que a idealizou. Mas vale como aperfeiçoamento a partir da experiência e das melhores práticas desenvolvidas pelas demais instituições participantes", conta.
Segundo ele, a Caixa iniciou sua inserção nos conceitos e melhores práticas voltadas para a sustentabilidade em 2004 e no segundo semestre de 2007 a empresa passou por uma reestruturação, que teve como orientação a valorização das pessoas e dos mecanismos de governança corporativa. "Para este ano, o banco pretende aperfeiçoar a política de crédito e risco, incluindo indicadores sociais e ambientais", revela.
Para desenvolver a pesquisa, o Idec contou com a colaboração de algumas instituições parceiras, como Amigos da Terra, Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Centro de Pesquisa de Empresas Multinacionais da Holanda (Somo), entre outras. A íntegra do estudo está no site do Idec.
Relatório internacional
Três instituições citadas na pesquisa do Idec, também figuraram o relatório Mind the Gap, produzido pelo Banktrack, organização internacional sem fins lucrativos criada para fiscalizar e monitorar o setor financeiro. O Banco do Brasil, Bradesco e Itaú obtiveram resultados pouco acima da média das outras instituições analisadas, porém baixos se tratados na escala de zero a quatro estabelecida pelo estudo.
A pesquisa analisou, ao todo, 45 bancos espalhados por todo o mundo. Para seleção, o Banktrack levou em conta os bancos com maior número de ativos, empréstimos realizados, financiamento de projetos e seguros oferecidos. As instituições foram avaliadas numa escala de zero (política inexistente ou não-pública), um (vaga ou ainda uma aspiração), dois (não-consistentes o suficiente), três (boas práticas, faltando poucos ajustes) e quatro (total conformidade).
A base de comparação para as notas são práticas internacionais que se tornaram paradigmas de sustentabilidade, tais como certificação de florestas, do Forest Stewardship (FSC) e a Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas. O estudo foi divulgado em dezembro passado e na página eletrônica da instituição (www.banktrack.org) é possível consultar o perfil de todos os bancos do ranking.
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Mesmo com os lucros exorbitantes dos bancos aqui no Brasil, que chegam as raias da imoralidade, eles são as instituições que mais exploram, mentem e enganam o cidadão e a sociedade e desrespeitam o código de defesa do consumidor. Drauzio Milagres.
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