Quando a bipolaridade afeta o rendimento
Daniela Iacobucci - CanalRH - 26/03/2009
http://www.canalrh.com.br/
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Momentos de alegria e de tristeza são comuns na vida de qualquer pessoa. Há casos, entretanto, que fogem dos padrões. Quando os picos de euforia são intercalados por crises de depressão, afetando o relacionamento social, é hora de deixar o preconceito de lado e procurar orientação médica. Afinal, já se sabe que transtornos afetivos – como a bipolaridade – são mais comuns do que se imagina.
Há tempos o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) desperta o interesse de profissionais da saúde mental. Mas a necessária curiosidade sobre esse distúrbio chegou também ao ambiente corporativo. "É fundamental que todos os colaboradores, principalmente a área de recursos humanos, estejam atentos a essa doença", acredita o psiquiatra do Hospital Samaritano, Pedro Daniel Katz.
Fátima Braga, diretora-executiva da Ohl Braga Desenvolvimento Empresarial, concorda com Katz. "O relacionamento do RH com o profissional bipolar pode sensibilizá-lo sobre a importância de se fazer um tratamento", explica. A consultora detalha que, no estado de euforia, o portador consegue apresentar um alto índice de produtividade; quando se depara com a outra fase do distúrbio, porém, ele pode se estressar, ficar deprimido e cair no absenteísmo.
Para o senso comum, o TAB é caracterizado por apresentar uma mudança de humor em grande frequência e intensidade. O diagnóstico, entretanto, é mais complexo. Trata-se, sim, de uma doença cerebral em que ocorrem intensas flutuações de humor, com períodos de extrema euforia e outros de depressão, mas ela pode ser leve, moderada ou grave. Além disso, lembra a psicóloga Maria Inês Rodriguez, "não se pode esquecer que cada um tem sua história de vida, sente os sintomas e vive este distúrbio ao seu modo".
Para a psicóloga Maria Inês, pessoas acometidas desse transtorno que tenham cargos de grande responsabilidade no ambiente corporativo podem acarretar consequências graves, não só em relação ao convívio social, mas também na qualidade da execução das tarefas.
Desafio é vencer o preconceito
A principal causa do TAB, explica Pedro Daniel Katz, está na alteração do metabolismo e da concentração de substâncias químicas no cérebro, fator que acarreta instabilidade de humor e de comportamento. A genética também influencia. O transtorno pode, ainda, ser desencadeado por alguns fatores que desrespeitam os limites pessoais, tais como redução de horas de sono e sobrecarga de trabalho de modo voluntário, abuso na ingestão de álcool e alimentação não balanceada.
A partir do momento em que a doença afeta o desempenho pessoal, sócio-familiar ou profissional do portador, é necessário recorrer à ajuda de um profissional. "Manifestações que alteram o comportamento devem ser encaradas com seriedade: não se deve negligenciar a possibilidade de doenças mais sérias", alerta Katz, destacando que, ainda hoje, muitas pessoas não procuram auxílio por vergonha. "A doença bipolar era chamada de Psicose Maníaco-Depressiva (PMD), nome carregado de preconceito e estigmas", se recorda ele.
Além do preconceito, outro fator que dificultava o acesso às informações sobre a doença era a dificuldade que havia em diagnosticá-la. "A partir da década de 60 e 70, passou-se a estudar melhor essas sintomatologias e a se verificar que estes transtornos são muito mais prevalentes do que se pensara outrora", afirma Ana Luiza, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein.
A psiquiatra alerta que os pacientes da bipolaridade, quando estão em crise, passam a ter uma visão da realidade diferente, com comportamentos divergentes do que teriam normalmente. "Muitas vezes a pessoa não tem a percepção de que está alterada e necessita do reconhecimento e cuidado de terceiros, na busca e manutenção do tratamento durante a crise", explica.
O tratamento do distúrbio varia conforme o histórico de cada paciente. Para Katz, a junção do auxílio químico e psicológico é fundamental para a recuperação, pois "se tratam de quadros que comprometem de forma intensa o funcionamento social do portador e dos que o rodeiam".
O também psiquiatra Geraldo José Ballone, que acredita que a desinformação ajuda a aumentar o número de doentes sem tratamento e, claro, o preconceito, valeu-se das novas tecnologias para auxiliar e esclarecer os portadores, bem como as pessoas que convivem com eles.
Ballone coordena o portal de psiquiatria Psiqweb, veículo que traz descrições, entrevistas e newsletters sobre esse e outros transtornos psicológicos. Ele faz um alerta: "as pessoas que não conhecem o TAB devem evitar dar palpites aos portadores, e também não devem recomendar tratamentos". Afinal, trata-se de uma doença grave. "A bipolaridade é uma doença, como uma doença cardíaca; mas, nos tratamentos de coração, ninguém dá palpite", exemplifica.
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