segunda-feira, 6 de julho de 2015

O futuro que queremos - (Eugênio Mussak)

O futuro que queremos
Eugênio Mussak - Revista Vida Simples nº 121 de 01/08/2012
http://eugeniomussak.com.br/o-futuro-que-queremos/



...o conhecimento não é o fim de um processo de educação, é o meio. O fim é o pensamento e, depois dele, o comportamento.


Primeira história. Desembarquei no aeroporto em um dia particularmente atribulado. Parecia uma convenção de viajantes costumeiros acrescida dos esporádicos. A fila dos táxis lembrava um dragão chinês de mau humor, então resolvi, contrariando meus princípios, tomar um táxi "não credenciado" na calçada de cima. Péssima ideia. Encaminhando-se para a saída do aeroporto, o motorista mal barbeado teve uma atitude de ogro profissional: abriu sua janela e, com toda a naturalidade, arremessou uma garrafa plástica sobre o jardim.
 
- O que você fez?! – perguntei, aturdido, como se não soubesse.
 
- Nada… só joguei fora uma garrafa – respondeu o ogro, que parecia estar ficando verde.
 
- Como assim? Pare o carro! volte lá e recolha a garrafa – ordenei, mudando para o verde também.
 
O que se seguiu foi uma mistura de Deu a louca no mundo com Velozes e furiosos, em que o rapaz não sabia se me ignorava e seguia ou obedecia ao passageiro ensandecido que, vai ver, era algum tipo de autoridade. Acabou optando pela segunda, talvez por medo. Quando voltou ao carro tratei de lhe mostrar o absurdo de sua atitude, falei sobre o impacto do lixo nos problemas da cidade, de sustentabilidade, da responsabilidade de cada um e assim por diante. Foi quando ele me interrompeu e me esclareceu seu pensamento:
 
- Mas doutor, o que adianta eu não fazer se todo mundo faz?
 
Segunda história. Moro em um "bairro nobre" de São Paulo, para usar a classificação da imprensa. Meu vizinhos são pessoas de bom nível cultural, com quem mantenho bom relacionamento, sem exceções. O que é uma benção, pois, como diz aquela maldição árabe que se reserva só aos grandes desafetos: "Que Alá te dê um mau vizinho". Não imagino nada pior…
 
Só que naquele dia algo diferente aconteceu. Eu estava no elevador com um rapaz (quarentão) que mora sozinho, e ambos líamos um comunicado do síndico que pedia aos condôminos que economizassem água, pois a cidade toda estava enfrentando a possibilidade de racionamento pela falta de chuvas. Comentei com meu colega da viagem vertical:
 
- Vou começar a tomar banhos rápidos, apesar de adorar o chuveiro.
 
- No meu caso – argumentou ele – isso não é necessário, pois moro sozinho e o impacto de meus banhos é pequeno. Além disso, se todo o prédio colaborar, não serão meus banhos que irão fazer a diferença.
 
O  que há de comum entre essas duas histórias? O que há é fato de que as pessoas envolvidas tomaram suas decisões considerando o comportamento que elas supunham que as outras teriam. O raciocínio do motorista foi: "não adianta eu não fazer porque todo mundo vai continuar fazendo". O do vizinho: "eu não preciso fazer porque todo mundo vai fazer". Embora opostos, esses dois raciocínios são semelhantes, pois ambos justificam sua ação (ou a falta dela) pelo comportamento do coletivo.
 
Esse pensamento individual e egoísta tem sua lógica, mas é altamente nocivo por um motivo: se todos pensarem assim teremos um comportamento padrão. Em matemática esse princípio é conhecido como a Teoria dos Jogos, e tem larga aplicação na economia, sociologia, estratégia militar, ciências políticas e até no estudo do evolucionismo darwiniano. A verdade é que as pessoas que compõem um agrupamento humano de qualquer natureza, a começar pela sociedade em si, aplicam os princípios desse jogo o tempo todo, sem perceber. E agora?
 

Um mundo consciente

 
Tive a oportunidade rara de participar da Rio+20 como debatedor de um painel sobre o "trabalho verde", que discutiu o surgimento tanto das tarefas específicas voltadas à sustentabilidade quanto ao impacto de qualquer trabalhador na preservação (ou destruição) do planeta.
 
Como seria o último debatedor a falar, fui anotando as considerações de todas as pessoas que me antecederam, entre eles empresários e especialistas em recursos humanos, todos experientes, bem informados e engajados. O que mais me chamou a atenção, e que orientou a minha fala, foi a repetição de uma palavra: conscientização.
 
De fato, não há como negar que só temos uma chance de salvar o planeta, e esta passa pela conscientização das pessoas em geral, em todos os ambientes, pois é a soma das atitudes que poderá promover alguma mudança. E é aí que surge a grande dúvida: como é que se faz isso, exatamente? Como fazer com que cada pessoa, cada um mesmo, seja transeunte, operário, dona de casa, executivo ou motorista de táxi cuide de seu pequeno latifúndio e, principalmente do espaço comum? Como acabar com a maléfica ideia do "faço, mas quem não faz"?
 
Freud disse que a saída para a miséria humana seria o aumento da consciência ("É necessário abrir a janela da alma…"), e deu sua (imensa) contribuição, a psicanálise. OK, mas como ele mesmo admitiu, ela estaria destinada para poucos. Não creio, por exemplo, que haja muitos motoristas de táxi psicanalisados. Mas nem tudo está perdido, pois o aumento da consciência sobre a qual se falou no debate é a que deriva de outra fonte: da educação.
 
Aliás, em minha modesta opinião, é exatamente para isso que serve a educação. Para aumentar a lucidez, a consciência, a capacidade de análise e de julgamento do jovem. Infelizmente confundimos educar com passar conteúdo. O estudante será aprovado se for bem na prova, que nada mais é do que um método capaz de avaliar o quando do conteúdo aquele jovem foi capaz de registrar em sua memória. Não, o conhecimento não é o fim de um processo de educação, é o meio. O fim é o pensamento e, depois dele, o comportamento.

Quando falamos em conscientização, estamos, na prática, falando sobre elevar a condição do humano através de seu posicionamento como agente do destino, seu, dos outros e do mundo. Conscientizar não é só abandonar a ignorância, é mais que isso, é integrar-se na construção do coletivo digno e edificante. Somos sete bilhões e não paramos de aumentar. Sete bilhões de corpos que têm necessidades e desejos e que esperam que o planeta supra sem reclamar.
 
O problema é que a ilimitada ambição humana vive em um planetinha de recursos limitados, e essa conta não fecha.
 

Um mundo eficiente

 
Por definição, ser eficiente é obter mais resultado com menos recursos. Os carrões de antigamente eram charmosos, mas ineficientes. Gastavam um litro de gasolina a cada quatro quilômetros percorridos, carregando peso em excesso, com pouca segurança e conforto questionável. A evolução da mecânica, da eletrônica e do design já permite que  um carro híbrido rode 25 quilômetros com o mesmo litro de combustível fóssil. Estamos no caminho. Já convivemos com fontes alternativas de energia e com novos materiais não poluentes, ou menos poluentes. O túnel tem um luz lá no fim.
 
Só que, como sempre foi, a evolução da tecnologia é maior e mais veloz que a evolução da consciência humana. Quando o escritor de ficção cientifica Isaac Asimov foi questionado por um jornalista sobre o fato de que as pessoas de seus romances, ambientados em um evoluidíssimo século XXX tinham o mesmo comportamento das de agora, ele respondeu "as pessoas mudam mais devagar que a ciência", e calou seus críticos.
 
A Rio+20 terminou com a redação de um documento chamado O futuro que queremos, que teve igual proporção de críticas e de elogios. Acusado pela falta de ambição por alguns e enaltecido pela ousadia por outros, ele não passa de um documento. Importante e necessário, mas só isso, um documento (para saber mais entre em www.rio+vinte.org). E que se não for transformado em informação disseminada, planos de ação, esforço coletivo, normas claras, estratégia empresarial, educação e, acima de tudo, conscientização, continuará sendo um documento bem encadernado a ser revisto na Rio+40.
 
Meu sonho é viver em um mundo em que o motorista de táxi saiba dirigir, conheça bem a cidade e que também tenha consciência planetária. É pedir demais? Não acho. O problema é que esse mundo só vai existir quando cada pessoa que o desejar se der conta que suas menores ações é que são as grandes responsáveis por sua construção.
 
Sei, sei, a saída está na conscientização. Já ouvi isso antes. Então espere um pouco, caro leitor, vou até a cozinha apagar as luzes. Como as lâmpadas não pensam, precisamos pensar por elas, e tem dois jeitos: pela consciência e pela ciência. Ambas resultado da qualidade que nos faz humanos, a inteligência. Só que a inteligência é como a fissão nuclear e a internet, pode produzir o bem ou o mal, a depender da consciência (de novo…).
 
Uma saída possível está no livro Educação, um tesouro a descobrir, que na verdade é o relatório da Comissão para a educação do século XXI da UNESCO, que foi liderado pelo economista francês Jacques Delors. Nele há uma proposta admirável, que pode, e deve, se aplicada em todos os ambientes de desenvolvimento humano, e eles são muitos: as escolas, naturalmente, mas também as empresas, os clubes, os condomínios, os espaços públicos, as famílias.
 
A proposta: precisamos ensinar os jovens a aprender quatro coisas. Aprender a conhecer, que equivale a aumentar o conhecimento, que é o objeto da educação clássica, mas também aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Fazer coisas úteis com o conhecimento adquirido, perceber a imensa interdependência entre os seres humanos e destes com a Natureza e ser alguém que conduz sua vida sem abrir mão dos valores, aqueles que, se não existissem, não passaríamos de símios inteligentes.





















quinta-feira, 2 de julho de 2015

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Consuma sem consumir o mundo em que você vive - Pratique o consumo consciente


Consuma sem consumir o mundo em que você vive

- Pratique o consumo consciente - 








Os três homens que andaram sobre as águas


Os três homens que andaram sobre as águas
em toda a história da Humanidade.

O primeiro foi Cristo.

O segundo foi Pedro.

O terceiro foi o Ivangivaldo.
(esse cara da foto abaixo)








Os Psicopatas a Nosso Redor - A maioria de nós cruzará com pelo menos uma figura psicopata em um dia normal


Os Psicopatas a Nosso Redor
Susan Andrews - Revista Época nº 489 de 01/10/2007
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG79349-6048-489,00.html

Gary Ridgeway, um dos piores assassinos em série dos Estados Unidos, confessou-se culpado pela morte de 48 mulheres em 2001. Durante o interrogatório policial, ele descreveu o que havia comido no café-da-manhã e depois falou sobre seus horrendos crimes com o mesmo desligamento emocional que demonstrou ao descrever seu desjejum. Gary é bem diferente de Cassie, a menina com síndrome de Williams sobre a qual escrevi na minha última coluna. Cassie é a personificação da empatia, para quem todo mundo é amigo. Gary não tem amigos, só vítimas. É considerado um psicopata.

Desde que o psiquiatra americano Hervey Cleckley escreveu o clássico texto sobre essa desordem mental, A Máscara da Sanidade, em 1941, novas pesquisas têm produzido crescentes insights sobre como os psicopatas pensam. Articulados, inteligentes e autoconfiantes, eles não têm ética, empatia, remorso ou sentido de culpa. Ao contrário das pessoas com síndrome de Williams, que se conectam com quem quer que se encontrem, os psicopatas parecem não ter qualquer apego emocional. Tampouco medo de ser flagrados ou punidos. Personalidades psicopatas não se importam com o sofrimento que suas ações infligem aos outros. São incapazes de se importar.

O assassino Jack Abbott descreveu: "Existem emoções que conheço apenas através de palavras e leitura. Eu posso até imaginar que sinto essas emoções, mas realmente não as sinto". Imagens cerebrais de psicopatas mostram que experiências emocionais não ativam seus cérebros límbicos emocionais, como nas pessoas normais. Nem todos os psicopatas são um Hannibal Lecter (personagem do filme Silêncio dos Inocentes) ou um assassino em série. Aparentemente, 1% das pessoas na população, em geral, é psicopata, embora nem todos sejam criminosos. A maioria de nós cruzará com pelo menos uma figura psicopata em um dia normal.

"Eles são indivíduos insensíveis e de sangue-frio", diz o doutor Robert Hare, professor de Psicologia da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, e criador da ferramenta de diagnóstico usada há 25 anos para identificar os psicopatas. Carismáticos e espertos, eles seduzem por seu charme hipnótico e fluência verbal, apenas para usar impiedosamente suas vítimas segundo seus próprios fins. Cleckley e Hare afirmam que essas pessoas estão por aí e ascendem nas organizações. Diz o psicólogo organizacional americano Paul Babiak: "O clima empresarial de hoje – acelerado, competitivo e muitas vezes caótico – promove o estímulo que os psicopatas buscam e dá cobertura suficiente para seu comportamento manipulativo e abusivo".

Pesquisadores dizem que os dirigentes com perfil psicopata, que exploram seus subordinados enquanto agradam aos superiores, podem custar caro às organizações. Eles derrubam o moral da equipe, causam excesso de rotatividade e reduzem a produtividade. Hare recomenda que, em vez de considerar essas personalidades charmosas como bons líderes, os empregadores devem avaliar os candidatos cuidadosamente, para identificar aqueles que têm um vistoso MBA, porém são desprovidos de consciência ética.

Psicopatas em potencial podem ser detectados desde cedo, na infância. Embora muitos falhem em estabelecer um senso ético, é possível que alguns desenvolvam remorso e empatia – os pré-requisitos para a moralidade. Pesquisadores na Universidade de South Wales, na Austrália, descobriram que, quanto mais insensíveis e não-emotivas as crianças, maior era a probabilidade de que respondessem bem a recompensas e encorajamento dos pais, mas não a punições por mau comportamento. Precisamos de uma educação não apenas para o intelecto, mas também para o coração.












sábado, 13 de junho de 2015

Arma de Instrução em Massa






Ler faz bem para alma, amplia nosso conhecimento e nos ajuda a escrever melhor. Raul Lemesoff, um excêntrico artista argentino, criou um caminhão estilo tanque de guerra, chamado "Arma de Instrucción Masiva" ("Arma de Instrução em Massa", em português), e o encheu de livros para tentar combater a ignorância e disseminar o conhecimento para as pessoas através da leitura. O artista converteu seu Ford Falcon de 1979 em um veículo tanque, com uma torre giratória, o qual possui espaço para armazenar cerca de 900 livros, dentro e fora do veículo.

O artista percorre as ruas de Buenos Aires distribuindo livros gratuitamente para crianças, jovens e pessoas mais velhas e recolhendo doações. Sua única exigência é que a pessoa cumpra a promessa de ler o livro. Raul é muito bem humorado e aborda as pessoas de uma forma bem divertida, difícil não ficar com vontade de levar e ler um de seus livros, que incluem romances, biografias, contos, ensaios, livros didáticos e acadêmicos. As doações são muito importantes para que o projeto continue acontecendo.

No site oficial é possível fazer doações de livros e ajudar financeiramente para gastos com combustível e manutenção do veículo, por exemplo.

Confira abaixo as fotos do tanque e o vídeo, feito pelo site Design Boom, com o criador desta ideia genial.


























O dinheiro nunca dorme - (de Susan Andrews)

O Dinheiro Nunca Dorme
Susan Andrews - Revista Época nº 485 de 03/09/2007 - página 67


Num mundo em que escândalos repugnantes vêm à tona a cada dia, quando até mesmo nossos heróis outrora imaculados, os astronautas, vão para o espaço embriagados, cabe a nós pausar para refletir sobre o que mobiliza a ética no coração humano. E o que a impede.

Como escrevi na última coluna, os neurocientistas estão agora corroborando os grandes filósofos morais Arthur Schopenhauer e David Hume. Descobriram, em experimentos de imagens cerebrais, que nossas decisões éticas emergem não de um raciocínio utilitário, mas de sentimentos universais.

Sentimentos, freqüentemente inconscientes, de empatia pelos outros seres. A essência da ética, então, está no cultivo dessa tendência natural pela compaixão.

Porém, Schopenhauer se deu conta de que temos outras motivações menos nobres, como a busca pelo próprio bem-estar em primeiro lugar (o egoísmo) e o desejo de fazer mal a outras pessoas (a malícia). Ser ético, então, significa esforçar-se para que a compaixão transcenda o egoísmo e a malícia.

O filósofo inglês Bertrand Russell ponderou sobre que tipo de sociedade cultivará a compaixão em detrimento da malícia. Segundo ele, é a competição pelos recursos materiais que faz com que os impulsos possessivos nos seres humanos predominem sobre o que ele chamou de impulsos criativos. "Poucas pessoas podem ter êxito sendo criativas em vez de possessivas num mundo que é totalmente baseado na competição; onde a honra, o poder e o respeito são dados à riqueza, e não à sabedoria; onde a lei consagra a injustiça daqueles que têm contra aqueles que não têm".

Hal Steger, um executivo de marketing no Vale do Silício, na Califórnia, vive num mundo permeado pela competição. Dono de uma casa avaliada em US$ 1,3 milhão com vista para o Oceano Pacífico, com mais de US$ 2 milhões na conta bancária, seu patrimônio o coloca entre os 2% das famílias mais ricas dos Estados Unidos. Mas ele está longe de se sentir satisfeito. Trabalhando 12 horas por dia, e mais dez horas por fim de semana, ele lamenta: "Alguns milhões não representam tanto quanto antigamente".

Até mesmo os membros da "elite digital", cujas vidas são ricas de oportunidades e prazeres, não se acham assim tão afortunados, porque estão rodeados de pessoas que têm muito mais. Um executivo explica: "Quando um gestor de fundos de investimento pode ganhar US$ 1 bilhão por ano, todos aqui olham para as pessoas que estão acima deles. Com US$ 10 milhões, você não passa de um zé-ninguém". E um outro ainda confessa: "Aqui, dos que estão entre os top, 1% quer se tornar os top 0,1%, e os top 0,1% querem chegar aos top 0,01%. Você até tenta não cair nessa roda viva, mas é difícil evitar".

Bertrand Russell alertou: "Num ambiente assim, até mesmo aqueles cuja natureza é dotada de grandes dons criativos se tornam infectados pelo veneno da competição. Um halo de quase idealismo se espalha a partir do impulso central da ganância".

Lembremos do famoso discurso do personagem Gordon Gekko, no filme Wall Street – Poder e Cobiça, baseado na vida real de inescrupulosos investidores, como Ivan Boesky. Gekko afirma: "O ponto é, senhoras e senhores, que ganância faz bem. Ser ganancioso está certo, a ganância funciona". Gordon Gekko em breve reaparecerá num filme continuação, com o título Money Never Sleeps ("Dinheiro nunca dorme"). Pode ser que o dinheiro nunca durma, mas quando é que nós iremos acordar? Será que o barulho do mercado financeiro global chacoalhando é um toque de despertar?















Lembre-se de Viver! Quem sabe assim você seja promovido a...

Contribuição de Andréa Siggia


Lembre-se de Viver
(Campanha publicitária do Citibank espalhada pela cidade de São Paulo através de Outdoors em 2010)


Crie filhos em vez de herdeiros.

Dinheiro só chama dinheiro, não chama para um cineminha, nem para tomar um sorvete.

Não deixe que o trabalho sobre sua mesa tampe a vista da janela.

Não é justo fazer declarações anuais ao Fisco e nenhuma para quem você ama.

Para cada almoço de negócios, faça um jantar à luz de velas.

Por que as semanas demoram tanto e os anos passam tão rapidinho?

Quantas reuniões foram mesmo esta semana? Reúna os amigos.

Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Mas não se esqueça, vírgulas significam pausas...

...e quem sabe assim você seja promovido a melhor
(amigo / pai / mãe / filho / filha / namorada / namorado / marido / esposa / irmão / irmã... etc.) do mundo!

Você pode dar uma festa sem dinheiro. Mas não sem amigos.


* * * * * * * *








sexta-feira, 12 de junho de 2015

Se eu pudesse deixar algum presente a você...



Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida.

A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora.

Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem.

Daria a capacidade de escolher novos rumos, novos caminhos.

Deixaria, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável.

Além do pão, o trabalho.

Além do trabalho, a ação.

Além da ação o cultivo à amizade.

E, quando tudo mais faltasse, deixaria um segredo:

O de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída.



Mahatma Gandhi

Desaposentar (uma admirável lição de vida)


Desaposentar
Domingos Pellegrini - Gazeta do Povo
22/05/05 - Fortaleza-CE


Ele chegou à praça com uma marreta. Endireitou a estaca de uma muda de árvore e firmou batendo com a marreta. Amarrou a muda na estaca e se afastou como para olhar uma obra de arte. Não resisti a puxar conversa:

- O senhor é da prefeitura?

- Não, sou da Alice, faz quarenta e dois anos. Minha mulher.

- Ah... O senhor foi quem plantou essa muda?

- Não, foi a prefeitura. Uma árvore velha caiu, plantaram essa nova de qualquer jeito, mas eu adubei, botei essa estaca aí. Olha que beleza, já está toda enfolhada. De tardezinha eu venho regar.

- Então o senhor gosta de plantas.

- De plantas, de bicho, até de gente eu gosto, filho.

- Obrigado pela parte que me cabe...

Ele sorriu, tirou um tesourão da cinta e começou a podar um arbusto.

- O senhor é aposentado?

- Não, sou desaposentado.

Foi podando e explicando:

- Quando me aposentei, já tinha visto muito colega aposentar e murchar, que nem árvore que você poda e rega com ácido e bateria. Sabia que tem comerciante que rega árvore com ácido de bateria pra matar, pra árvore não encobrir a fachada da loja? É... Aí fica com a loja torrando no sol!

Picotou os galhos podados, formando um tapete de folhas em redor do arbusto.

- É bom pra terra... Tudo que sai da terra deve voltar pra terra... Mas então, eu já tinha visto muito colega aposentar e murchar. Botando bermuda e chinelo e ficando em casa diante da televisão. Ou indo ao boteco pra beber cerveja, depois dormindo de tarde. Bundando e engordando... Até que acabaram com derrame ou enfarte, de não fazer nada e ainda viver falando de doença.

Cortou umas flores, fez um ramalhete.

- Pra minha menina. A Alice. Ela é um ano mais velha que eu, mas fica uma menina quando levo flor. Ela também é desaposentada. Ajuda na escola da nossa neta, ensinando a merendeira a fazer doce com pouco açúcar e salgados com os restos dos legumes que antes eram jogados fora. E ajuda na creche também, no hospital. Ihh... A Alice vive ajudando todo mundo, por isso não precisa de ajuda, nem tem tempo de pensar em doença.

Amarrou o ramalhete com um ramo de grama, depositou com cuidado sobre um banco.

- Pra aguar as mudas eu tenho que trazer o balde com água lá de casa. Fui à prefeitura pedir pra botarem uma torneira aqui. Disseram que não, senão o povo ia beber água e deixar vazando. Falei pra botarem uma torneira com grade e cadeado que eu cuidaria. Falaram que não. Eu teria que ficar com o cadeado e então ia ser uma torneira pública com controle particular, e não pode.

Sorriu, olhando a praça.

- Aí falei: Então posso cuidar da praça, mas não posso cuidar de uma torneira?

Perguntaram, veja só, perguntaram se tenho autorização pra cuidar da praça! Nem falei mais nada. Vim embora antes que me proibissem de cuidar da praça... Ou antes que me fizessem preencher formulários em três vias com taxa e firma reconhecida, pra fazer o que faço aqui desde que desaposentei...

Tá vendo aquele pinheiro fêmea ali? A Alice que plantou. Só tinha o pinheiro macho. Agora o macho vai polinizar a fêmea e ela vai dar pinhões.

- Eu nem sabia que existe pinheiro macho e pinheiro fêmea.

- Eu também não sabia, filho. Ihh... Aprendi tanta coisa cuidando dessa praça! Hoje conheço os cantos dos passarinhos, as épocas de floração de cada planta, e vejo a passagem das estações como se fosse um filme!

- Mas ela vai demorar pra dar pinhões, hein? Falei, olhando a pinheirinha ainda da nossa altura. Ele respondeu que não tinha pressa.

- Nossa neta é criança e eu já falei pra ela que é ela quem vai colher os pinhões. Sem a prefeitura saber... E a Alice falou que, de cada pinha que ela colher, deve plantar pelo menos um pinhão em algum lugar. Assim, no fim da vida, ela vai ter plantado um pinheiral espalhado por aí. Sem a prefeitura saber, é claro, senão podem criar um imposto pra quem planta árvores...

- É admirável ver alguém com tanta idade e tanta esperança!

Ele riu:

- Se é admirável eu não sei, filho, sei que é gostoso. E agora, com licença, que eu preciso pegar a Alice pra gente caminhar. Vida de desaposentado é assim: O dinheiro é curto, mas o dia pode ser comprido, se a gente não perder tempo!









O Beijo da Gratidão


O Beijo da Gratidão

O bombeiro teve medo dela no incêndio, pois nunca antes ele tinha resgatado um dobermann. Quando finalmente o fogo foi extinto, o bombeiro sentou na grama pra recuperar o fôlego e descansar.

Um fotógrafo do jornal "The Observer", notou o dobermann olhando para o bombeiro. Ele a viu andar na direção dele e se perguntou o que a cachorra iria fazer.

Enquanto o fotógrafo levantava a câmera, ela se aproximou do bombeiro que tinha salvo sua vida e as dos seus filhotes e beijou-o.

Veja porque uma imagem vale mais do que mil palavras.

E ainda existem pessoas que acham que o animal não tem nada a nos ensinar...

A foto mostra uma cadela dobermann lambendo um bombeiro exausto. Ele tinha acabado de salvá-la de um incêndio em sua casa, resgatando-a e levando-a para o gramado da frente. Ela estava prenha.





quinta-feira, 11 de junho de 2015

Laços (de Fernanda Gaona)


Laços


"O que mantém alguém perto de você é uma força de atração invisível. Uma energia que não segue nenhuma regra, nem obedece a comando algum. Ela pode surgir de um acontecimento, graças a um gesto ou, simplesmente, acontecer. É uma forma de amor genuína, que não precisa de provas pra existir, nem 'porquês'. Ela atravessa qualquer dúvida e sobrevive aos desafios da convivência. É uma ligação rara e valiosa. Requer cuidado, vontade e dedicação. Vem de um afeto espontâneo que desfaz qualquer nó - só cria laços".




(Fernanda Gaona)




A Mais Antiga Árvore Viva do Mundo - Abeto Vermelho


A Mais Antiga Árvore Viva do Mundo
Abeto Vermelho com mais de nove mil anos foi encontrado na Suécia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Picea_abies


 

O abeto vermelho (Picea abis) pertence a um gênero de árvores que têm como hábitat áreas de clima temperado
e a floresta boreal (também conhecida como taiga) no hemisfério norte (foto: Leif Kullman).




Um abeto vermelho de 9.550 anos foi descoberto em uma região montanhosa no noroeste da Suécia. Trata-se da mais antiga árvore do mundo já encontrada com vida.Para determinar a idade da árvore, os cientistas empregaram a técnica de datação por isótopos radioativos de carbono. O mesmo método foi usado em outros abetos vermelhos também encontrados na montanha Fulu (província de Dalarna) e revelou que as árvores têm cerca de 300, cinco mil e nove mil anos.

Segundo Leif Kullman, professor de geografia física da Universidade de Umea, na Suécia, os abetos vermelhos só conseguiram sobreviver por tanto tempo graças a dois fatores principais. "Primeiramente, essas árvores são capazes de desenvolver um novo tronco a partir das raízes assim que o anterior morre", explica Kullman. "Além disso, o abeto vermelho mostrou-se bastante resistente às mudanças climáticas ao longo de tanto tempo", completa.


Kullman destaca que, durante 10 mil anos, a temperatura do planeta aumentou gradativamente. Nos últimos cem anos, essa elevação tem sido mais rápida, até nas áreas montanhosas. "Agora precisamos descobrir como essa espécie reagirá às mudanças climáticas em curso atualmente", avalia.


Os pesquisadores também buscam entender como essas árvores chegaram à Suécia. Acredita-se que elas tenham migrado durante a Era do Gelo na forma de sementes que se originaram mil quilômetros a leste, acima de uma área coberta por gelo no interior da Escandinávia.


"Minha pesquisa indica que os abetos vermelhos passaram os invernos em locais a oeste ou sudoeste da Noruega, onde o clima não era tão rigoroso, para mais tarde se espalhar rapidamente ao longo da faixa costeira sem gelo", diz Kullman. E completa: "De alguma forma eles também foram bem-sucedidos em encontrar seu caminho para as montanhas suecas".





Para o Melhor Amigo o Melhor Pedaço - Serapião e Malhado

Para o Melhor Amigo o Melhor Pedaço

De Inocêncio de Jesus Viegas
- no livro Contos, Cantos e Encantos -



Serapião era um velho mendigo que perambulava pelas ruas da cidade.

Ao seu lado, o fiel escudeiro, um vira lata branco e preto que atendia pelo nome de Malhado.

Serapião não pedia dinheiro. Aceitava sempre um pão, uma banana, um pedaço de bolo ou outro alimento qualquer.

Quando suas roupas estavam imprestáveis, logo era socorrido por alguma alma caridosa. Mudava a apresentação e era alvo de brincadeiras.

O mendigo era conhecido como um homem bom que perdera a razão, a família, os amigos e até a identidade.

Não tomava bebida alcoólica e estava sempre tranqüilo, mesmo quando não recebia nada de comida.

Dizia sempre que Deus lhe daria um pouco na hora certa e, sempre na hora que precisava alguém lhe estendia uma porção de alimentos.

Serapião agradecia com reverência e rogava a Deus pela pessoa que o ajudava.

Tudo que ganhava, dava primeiro para o malhado, que, paciente, comia e ficava esperando por mais um pouco.

Não tinham onde passar as noites; onde anoiteciam, lá dormiam. Quando chovia, procuravam abrigo embaixo da ponte do ribeirão. Ali o mendigo ficava a meditar, com um olhar perdido no horizonte.

Aquela figura era intrigante, pois levava uma vida vegetativa, sem progresso, sem esperança e sem um futuro promissor.

Certo dia, um homem, com a desculpa de lhe oferecer umas bananas, foi bater um papo com o velho mendigo.

Iniciou a conversa falando do malhado, perguntou pela idade dele, mas Serapião não sabia.

Dizia não ter ideia, pois se encontraram num certo dia, quando ambos perambulavam pelas ruas.

Nossa amizade começou com um pedaço de pão - disse o mendigo. Ele parecia estar faminto e eu lhe ofereci um pouco do meu almoço e ele agradeceu, abanando o rabo, e daí, não me largou mais.

Ele me ajuda muito e eu retribuo essa ajuda sempre que posso.

Como vocês se ajudam? Perguntou. Ele me vigia quando estou dormindo; ninguém pode chegar perto que ele late e ataca. Também quando ele dorme, eu fico vigiando para que outro cachorro não o incomode.

Continuando a conversa, o homem lhe fez uma nova pergunta: Serapião, você tem algum desejo de vida?

Sim, respondeu ele tenho vontade de comer um cachorro quente, daqueles que tem na lanchonete da esquina.

Só isso? Indagou.

É, no momento é só isso que eu desejo.

Pois bem, disse-lhe o homem, vou satisfazer agora esse grande desejo.

Saiu e comprou um cachorro quente e o entregou ao velho.

Ele arregalou os olhos, deu um sorriso, agradeceu a dádiva e em seguida tirou a salsicha, deu para o malhado, e comeu o pão com os temperos.

O homem não entendeu aquele gesto, pois imaginava que a salsicha era o melhor pedaço.

Por que você deu para o malhado, logo a salsicha? Interrogou, intrigado.
Ele, com a boca cheia, respondeu: "Para o melhor amigo, o melhor pedaço".
E continuou comendo, alegre e satisfeito.
O homem se despediu de Serapião, passou a mão na cabeça do cão e saiu pensando com seus botões: Como é bom ter amigos. Pessoas em que possamos confiar. Por outro lado, é bom ser amigo de alguém e ter a satisfação de ser reconhecido como tal. Jamais esquecerei a sabedoria desse homem e seu cão.

E você, que parte tem reservado para os seus amigos?