Morar perto de redes de transmissão de energia pode causar câncer
Júlio Bernardes - Diário da Saúde - 26/10/2009
http://www.diariodasaude.com.br/
Pesquisa mostra que as crianças que moram a uma distância de até 200 metros das linhas de transmissão de eletricidade são mais propícias a desenvolver leucemia. Imagem: USP.
Júlio Bernardes - Diário da Saúde - 26/10/2009
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Pesquisa mostra que as crianças que moram a uma distância de até 200 metros das linhas de transmissão de eletricidade são mais propícias a desenvolver leucemia. Imagem: USP.
Risco de câncer em crianças
Uma pesquisa realizada na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) mostra que as crianças que moram a uma distância de até 200 metros das linhas de transmissão de eletricidade são mais propícias a desenvolver leucemia.
O trabalho pretende estimular novas investigações sobre possíveis efeitos dos campos elétricos e magnéticos na saúde da população, uma fonte de poluição ainda pouco estudada no Brasil.
Este é o segundo estudo divulgado neste ano que aponta os riscos de viver próximo às grandes linhas de transmissão de eletricidade. Outra pesquisa, divulgada em Julho, aponta que os campos magnéticos das linhas de transmissão ameaçam a saúde da população.
Geoprocessamento da saúde
O problema, apontado pela bióloga Ciliane Matilde Sollitto em sua tese de doutorado, foi verificado por meio de técnicas de geoprocessamento.
"Foram considerados todos os casos notificados de leucemias entre crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, do banco de dados do Registro de Câncer de Base Populacional do Município de São Paulo entre 1997 e 2004", relata. "Dos 1.709 casos, 693 registros foram georreferenciados, ou seja, tiveram sua localização fixada no mapa da cidade."
Campos eletromagnéticos e a saúde
Ao mesmo tempo, foram elaborados mapas registrando faixas de distâncias pré-estabelecidas ao longo das linhas de transmissão de energia elétrica no mapa da cidade de São Paulo, que serviram de base para a análise da influência dos campos eletromagnéticos em relação aos casos de leucemias.
"Entre outros trabalhos, a análise se baseia em um estudo realizado no Reino Unido, com aproximadamente 6 mil casos registrados de leucemia infantil", conta a pesquisadora. "Essa pesquisa revelou que havia uma tendência de maior incidência de leucemia entre crianças que residiam entre 200 e 600 metros das redes de transmissão de eletricidade."
Os dados sobre as linhas e os casos georreferenciados de leucemia foram combinadas com a estatística populacional da cidade, obtida no censo do IBGE em 2000. O cruzamento das informações mostrou que nas áreas situadas a até 200 metros das redes de transmissão, a ocorrência de leucemia foi estimada em 22,46 casos por 100 mil habitantes, mais do que a incidência geral do município de São Paulo, que é de 19,34 casos em cada 100 mil moradores.
Poluição eletromagnética
A pesquisadora defende que novos estudos epidemiológicos sejam realizados sobre poluição eletromagnética. "É preciso investigar mais a fundo a exposição das pessoas a esse tipo de poluente, mais uma dentre as várias formas de poluição existentes na cidade", ressalta.
Ciliane também recomenda o aprimoramento dos registros de morbidade na cidade de São Paulo. "Como a leucemia infantil é passível de cura em cerca de 85% dos casos, é necessário obter dados precisos sobre sua incidência, e não apenas o número de mortes", ressalta.
Os prováveis impactos das radiações não-ionizantes na saúde humana, especialmente entre crianças, são objeto de estudos internacionais aprofundados desde 1979, desde que a Agência Internacional do Câncer considera que os campos eletromagnéticos são possivelmente carcinogênicos.
Efeitos sobre as plantas
A bióloga, funcionária da Prefeitura de São Paulo, começou a pesquisar a questão da poluição eletromagnética a partir de 2000, para atender as demandas de moradores de City Boaçava (Zona Oeste da capital), que questionavam sobre os possíveis efeitos do aumento da tensão nas linhas de transmissão pretendida pela concessionária de energia.
Na dissertação de Mestrado, apresentada em 2006, Ciliane trabalhou com plantas indicadoras de poluição, orientada pelo professor Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição Atmosférica da FMUSP.
"Esse trabalho demonstrou que as plantas também apresentavam sensibilidade aos campos eletromagnéticos, do mesmo modo que acontece com a poluição atmosférica, podendo servir também como bioindicadores", lembra a pesquisadora. A pesquisa para a tese de doutorado, defendida em abril deste ano, teve orientação do professor Luiz Alberto Amador Pereira.
Saudações!
ResponderExcluirAmigo Drauzio,
Também, pesquisas recentes feitas pela Universidade de Bern, na Suíça, provaram que o campo magnético gerado pelos cabos de alta tensão aumenta a incidência de demência (Sindrome de Alzheimer) entre a população que mora nas suas proximidades. Os pesquisadores calcularam que a chance de alguém contrair esta doença morando perto das linhas de alta tensão é o dobro do que o normal. Baseado em outros relatórios, a Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (IARC) também classificou os campos eletromagnéticos como uma possível causa da leucemia, uma forma de câncer que não tem cura.
Parabéns pelo excelente post!
abraços,
LISON.
Ola! Interessante seu blog! Obrigada por seguir o meu!
ResponderExcluirBjus
Já pensou se além de morar perto de uma linha de transmissão o coitado ainda for fumante????...
ResponderExcluirAbçs
Boa noite. Em pesquisa encontrei este blog e nem sei se alguém ainda lê as postagens, de qualquer forma procuro informações sobre este assunto por morar muito próximo as redes de transmissão de energia elétrica junto a minha família, por volta de no máximo 150 metros, já tinha esta preocupação e esta consideravelmente aumentou após perceber que uma mangueira ficou com um lado todo seco, justamente o lado voltado para as torres de transmissão. Fiquei sabendo que outras árvores da rua também apresentaram este problema.
ResponderExcluirOi Alberto, eu sempre soube que é muito perigoso morar perto das redes de transmissão de energia, e há vários estudos que comprovam isso, embora, aqui no Brasil, sempre conseguem dar um jeitinho para desqualificar esses estudos. Procure o Ministério Público, pois quando esses defensores querem trabalhar, eles conseguem mudanças. No Brasil há várias ações em relação a essas redes e algumas, infelizmente a minoria, obtiveram sucesso. Um abraço. Drauzio Milagres
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