domingo, 27 de julho de 2008

Pergunta que a mídia não faz - De onde saiu o dinheiro para comprar o delegado?



Pergunta que a mídia não faz
De onde saiu o dinheiro para comprar o delegado?



Quando o dinheiro dos aloprados petistas foi apreendido a mídia fez todo tipo de especulação.
A revista veja, por exemplo, disse que o episódio poderia levar à cassação do registro da candidatura de Lula.


Seria muito interessante se ao ímpeto investigativo da Polícia Federal e do Ministério Público se juntassem o Congresso e a mídia brasileira.

Sou refratário àqueles que, por motivos pessoais, pretendem considerar o banqueiro Daniel Dantas a encarnação do mal. Porém, não vejo como jogar luz sobre as relações dele com políticos, empresários, juízes e jornalistas poderia fazer mal ao Brasil. Poderia até fazer bem.

O debate sobre se Gilmar Mendes acertou ou errou me parece secundário. O fato é que Daniel Dantas obteve, em questão de horas, um benefício a que 99,99% dos brasileiros não teriam direito. É revelador do caráter elitista do Estado brasileiro. É revelador de como nossa democracia é, na verdade, um simulacro de democracia.

O presidente da República, de origem humilde, reclama do uso de algemas - ou pelo menos é o que nos quer fazer crer a mídia brasileira, ao relatar o encontro dele com assessores. Não consta que Lula tenha feito reclamação semelhante em outra circunstância.

Em qualquer outro país sério do mundo um empresário acusado de tentar comprar uma alta autoridade federal estaria preso. Não faltam provas de que isso tenha acontecido. A PF apreendeu o dinheiro. O delegado confirma. Há gravações telefônicas.

O fato concreto é que a elite brasileira jamais vai aceitar ver as suas maracutaias expostas em rede nacional de televisão. E o papel de Daniel Dantas, de acordo com a PF, era o de conceder "isenção" de impostos através de depósitos em paraísos fiscais.

Qual foi a reação do Congresso brasileiro até agora? Todo mundo calado. Só o senador Pedro Simon se levantou para defender a Polícia Federal.

A atuação da mídia corporativa brasileira vai no sentido de tentar atirar o escândalo integralmente no colo do governo Lula. E isso só é possível por dois motivos: um, porque de fato há gente ligada a Daniel Dantas no governo Lula; dois, porque esta é uma forma de comprar silêncio.

Fiquem de olho no possível coro dos que vão cobrar o vazamento de informações do inquérito - que é a única forma de manter o assunto na mídia.

Comparem com o que aconteceu em 2006, na véspera do segundo turno das eleições presidenciais, quando um delegado da Polícia Federal, Edmilson Bruno, vazou as fotos do dinheiro dos aloprados.

Naquela ocasião o delegado combinou mentir com os jornalistas a quem entregou as fotos. A conversa foi gravada.

O que fez a mídia? Divulgou as fotos mas escondeu a gravação.

Até hoje há muitos mistérios envolvendo a gravação.

A certa altura, o delegado Edmilson Bruno diz: "Essa aqui é a foto da Globo".

Clique aqui para ouvir o delegado falando sobre a "foto da Globo".

O que ele quis dizer com isso? Ele fez uma foto especialmente para a TV Globo? Alguém produziu uma foto especialmente para estrelar no Jornal Nacional?

O delegado Bruno sumiu, o assunto foi arquivado e nunca se soube, por exemplo, qual a origem do dinheiro que aloprados petistas - supostamente a serviço da candidatura de Aloisio Mercadante - pretendiam usar para comprar um dossiê contra o candidato José Serra, do PSDB.
Na ocasião, a mídia brasileira foi unânime na pergunta, que acabou na campanha eleitoral de Geraldo Alckmin: de onde veio o dinheiro?


Curiosamente, agora ninguém pergunta: de onde veio o dinheiro que assessores de Daniel Dantas pretendiam usar para comprar um delegado da Polícia Federal?











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Um comentário:

  1. O Ministro(?) Gilmar Mendes é uma vergonha e uma desonra para a Justiça e para o STF. Aproveitando o momento, qual a "posição" dos outros Ministros do STF? Os que não compartilham com essas arbitrariedades cometidas pelo Gilmar Mendes, são "culpados" também, pelo "silêncio", pela omissão e/ou pela conivência. Um abraço. Drauzio Milagres.

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