Sal e Pressão
Drauzio Varella - Revista Carta Capital nº 557 de 05/08/2009
http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=4695
Alimentos processados e o tempero dos restaurantes dificultam a vida dos hipertensos.
Drauzio Varella - Revista Carta Capital nº 557 de 05/08/2009
http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=4695
Alimentos processados e o tempero dos restaurantes dificultam a vida dos hipertensos.
No passado os hipertensos eram simplesmente proibidos de comer sal. Hoje não somos tão radicais, porque o cloreto de sódio é um mineral indispensável para o funcionamento das células, devendo ser ingerido mesmo por quem sofre de pressão alta.
Mas é preciso cuidado, porque cerca de 60% das pessoas apresentam sensibilidade exagerada a ele. Organismos que acumulam sódio com mais facilidade retêm líquido em excesso e podem apresentar tendência à hipertensão.
Para cada nove gramas de sal ingerido, o corpo retém em média um litro de água. São mais sensíveis os negros, as mulheres e homens com mais de 65 anos, os portadores de diabetes e aqueles com familiares sensíveis aos efeitos do sal. Embora estejam bem documentados os efeitos benéficos da redução de sal em casos de hipertensão de intensidade leve ou moderada, faltavam estudos nos casos mais graves.
A revista Hypertension publica o primeiro estudo que avalia o papel do sal em pessoas portadoras de hipertensão resistente, definida como pressão arterial elevada, apesar do uso de três ou mais medicamentos.
Quadros hipertensivos resistentes como esse constituem um problema relativamente comum: afetam de 20% a 30% dos hipertensos, e sua frequência tem aumentado em paralelo com a propagação da epidemia de obesidade.
O estudo foi conduzido com apenas doze participantes, no ambulatório de hipertensão da Universidade do Alabama. Os autores compararam dois níveis de ingestão de sódio: 5,7 gramas por dia versus 1,15 grama (um pacotinho de sal contém cerca de um grama).
Apesar do pequeno número de participantes, o trabalho foi árduo. Os pacientes foram colocados alternadamente em dietas rígidas, contendo um desses dois níveis de consumo de sódio, por períodos com duração de uma semana. A pressão arterial foi medida em diversos horários e monitorada por aparelho portátil durante as 24 horas do dia.
Metade dos pacientes era de negros e 67%, mulheres. O Índice de Massa Corpórea (IMC = Peso/altura x altura) médio foi de 32,9 kg/m2 (portanto, na faixa de obesidade).
A pressão arterial média inicial do grupo era de 14,6 por 8,4 (em cm). Os pacientes tomavam em média três a quatro medicações anti-hipertensivas, diariamente.
As comparações entre os dois grupos revelaram que aqueles mantidos com 1,15 grama diária de sódio apresentaram redução média de 2,27 cm na pressão máxima e de 0,91 cm na mínima.
No editorial que acompanha o artigo, Lawrence Appel, da Universidade Johns Hopkins, comenta: “Essas diminuições da pressão arterial excedem as que foram obtidas em outros estudos sobre dietas com pouco sal em indivíduos com hipertensão não-tratada”. E acrescenta: “Os níveis de redução da pressão observados equivalem a acrescentar mais uma ou duas drogas nos esquemas desses casos resistentes”.
Outro achado surpreendente foi o alto nível de consumo de sal relatado pelos participantes, antes do início do estudo, período em que cada um escolhia a dieta que melhor lhe aprouvesse. Nessa fase inicial, o consumo médio era de 4,5 gramas diárias, mais do que o dobro da dose máxima recomendada para a população geral e mais do que o triplo da indicada para quem sofre de hipertensão.
Os autores concordam ser praticamente impossível alcançar níveis de ingestão de sódio próximos de 1,15 grama diária na vida prática. A experiência mostra que mesmo com aconselhamento intensivo, enfocado apenas na redução do consumo de sal, as médias atingidas mal chegam ao dobro dessa.
Um dos maiores obstáculos para a redução da quantidade de sódio na dieta dos hipertensos é o alto teor de sal dos alimentos processados e nas comidas preparadas em restaurantes. Num mundo em que as pessoas ativas fazem boa parte das refeições fora de casa, não é fácil adotar dietas restritivas como a proposta pelo estudo.
Olá Amigo.
ResponderExcluirParabéns. Seu trabalho é excelente. Grande tema, ótima alerta, uma grandiosa contribuição. Muito sucesso, fique com Deus. Brilhe sempre.
Fraterno abraço.
Valdemir Reis
Obrigado Valdemir. Um abraço. Drauzio Milagres.
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