O Jogo do Opportunity
Luis Nassif - Coluna de Economia - 14/09/2008
http://www.projetobr.com.br/web/blog?entryId=8962
Luis Nassif
Luis Nassif - Coluna de Economia - 14/09/2008
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Luis Nassif
Os últimos lances dessa nova do Satiagraha e do Banco Opportunity, de Daniel Dantas, podem ser entendidos assim.
Dantas montou uma ampla rede de aliados em várias esferas. Seu salto maior foi no governo passado, a partir de ligações estreitas com alguns próceres - entre os quais o próprio presidente da República. Prosseguiu no governo Lula, através de José Dirceu, José Eduardo Greenhagh entre outros.
À medida que seu novelo de relações e problemas se estendia, o leque de cooptações passou a aumentar de forma exponencial. Conseguiu o apoio de três grandes grupos de mídia, de juízes, de Ministros e de vários quadros políticos. Não bastou.
***
A compulsão de Dantas em praticar atos ilícitos tornou esse jogo não-administrável. Dantas não é de se cercar de grandes equipes. Padece de desconfiança profunda e vai montando aliados circunstanciais para cada problema que enfrenta.
A questão é que, depois da primeira aliança, não há como esses aliados escaparem. Tornam-se reféns desse jogo. E, em geral, se dão mal.
Mesmo com a quantidade de personalidades cooptadas, não foi suficiente.
A análise fria do momento atual não é favorável a Dantas. Confira:
- Dantas foi derrotado na frente comercial, pois perdeu o banco e a imagem. A situação ficará mais crítica nos próximos dias, com os pedidos de resgate das cotas. Aí se verá a imprudência da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de ter permitido que um fundo como o Opportunity Fund fosse utilizado em negócios ilíquidos (como a Brasil Telecom ou os investimentos portuários de Dantas). Não haverá recursos para bancar os saques.
- O Opportunity perdeu a batalha da justiça, que não vai deixá-lo em paz - essa coisa de anular a Satiagraha, Caso Kroll, é fantasia. A única coisa que conseguiu, nessa frente, foi o desgaste do Supremo Tribunal Federal, devido à atuação destrambelhada de seu presidente Gilmar Mendes.
- Só falta perder na política - a arena em que ele está brigando agora é a que menos conhece. Tanto que se cercou de parlamentares desastrados, que expuseram de forma ampla sua estratégia de defesa - tornando-a, portanto, inócua. Seu "exército" passa pelo senador Heráclito Fortes, por deputados como Nelson Pelegrino e Raul Jungman. Não tem condições de vitória.
- Para vencer no campo da política, teria que contar com o apoio da opinião pública. Mesmo veículos francamente comprometidos com ele, estão sendo contidos pela indignação de seus próprios leitores. De repente, os delegados Protógenes e Paulo Lacerda, o juiz De Sanctis e o procurador Rodrigo de Grandis tornaram-se heróis nacionais. A frente ampla midiática contra a Satiagraha está fazendo água graças à posição de colunistas que não suportaram a montagem.
Conhecedores dos meandros desse jogo, julgam que haverá ainda uma derradeira ofensiva política, tentando alguma proposta de impeachment do presidente.
Mas esse movimento tenderia a refluir assim que for conhecido o conteúdo das 50 caixas do processo Kroll, que corre nos Estados Unidos. O material não chega a incriminar o grande líder da oposição a Lula. Mas demonstrará, de forma inequívoca, sua enorme intimidade com o banqueiro que ele ajudou a construir.
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