Eleições na Globonews - Incompetência ou má fé?

Eleições na Globonews - Incompetência ou má fé?
Luiz Carlos Azenha - Vi O Mundo - 06/10/2008
http://www.viomundo.com.br/opiniao/eleicoes-na-globonews-incompetencia-ou-ma-fe/

As horas que se seguiram à eleição municipal de 2008, na Globonews, foram expressão de incompetência, má fé ou mistura dos dois?

Foi preciso - pasmem - o William Bonner chamar a atenção do Alexandre Garcia para o fato de que a boca-de-urna em Salvador indicava derrota de ACM Neto e ainda assim o "analista" disse que era melhor esperar a contagem de votos, ou seja, deve ter pensado lá com os botões dele que era possível "dar um jeito" no resultado.

No Rio de Janeiro, com o resultado ainda indefinido, a Globonews colocou no ar entrevistas com Eduardo Paes e Fernando Gabeira, mas não ouviu Marcelo Crivella. Em São Paulo, com o resultado ainda indefinido, colocou no ar o prefeito Gilberto Kassab mas não ouviu Geraldo Alckmin.

Com o segundo turno já definido em São Paulo, a emissora global transmitiu ao vivo a íntegra do discurso de vitória de Gilberto Kassab, mas perdeu o discurso de Marta Suplicy. Tentou compensar transmitindo parte da entrevista coletiva da petista, mas cortou de forma abrupta.

Os "analistas" da Globonews passaram as horas seguintes à eleição se perguntando se o presidente da República "tem o dedo verde", ou "elege poste" e tratando o pleito como uma prévia de 2010, quando sabemos que eleições municipais são acima de tudo locais.

A Globo poderia ter encomendado uma pesquisa ao Ibope para perguntar aos eleitores na boca de urna se foram ou não influenciados por Lula. Assim, teria como se basear em informações concretas, não em "chutes", como fez.

Lá pelas tantas, uma comentarista trouxe de volta o surrado bordão do "Bolsa Família" para justificar os resultados no Nordeste. E a vitória do PSDB em Teresina? Foi por conta do Bolsa Família? E a vitória do PV em Natal? Foi por conta do Bolsa Família?

A emissora se concentrou apenas nas capitais brasileiras, deixando de lado dezenas de cidades tão ou mais importantes que algumas capitais. Não noticiou, por exemplo, a vitória de Darcy Vera, do DEM, em primeiro turno, em Ribeirão Preto - que é tão importante, ou mais, que Palmas, capital de Tocantins.

Com isso, todas as análises apresentadas pela emissora foram absolutamente furadas, já que se baseavam num universo reduzido de eleitores.

Quem venceu em Diadema, em Mauá, em São Caetano, Santo André? Quem venceu na Grande Porto Alegre? Na Grande Belo Horizonte? Na Grande Recife?

Em vez de informações os telespectadores foram brindados com "pérolas" tais como "nessa eleição de São Paulo concorreu um PSDB e meio" ou conclusões definitivas sobre o fato de que o grande vitorioso foi o governador paulista José Serra, que já está a caminho do Rio para, pelo tom da Globonews, garantir a vitória de Fernando Gabeira no segundo turno.

Mas peraí: o PSDB reforçou sua presença nacional? o PMDB reforçou? o PT reforçou? Ou nas eleições de 2010 só poderão votar os eleitores de cidades governadas pela coligação pró-Serra?

Finalmente, até o horário em que assisti, a Globonews só entrevistou os prefeitos de Campo Grande e Curitiba. Beto Richa, do PSDB, aliás, foi celebrado como o grande vencedor do dia. Recife? Fortaleza? Ribeirão Preto? Vitória? Faltou dinheiro para pagar o interurbano?

Sinceramente, fico sem saber se foi mais incompetência ou má fé.

PS: Há algo muito mal explicado, ainda, sobre os debates eleitorais feitos de forma "seletiva", assim como sobre as distorções, manipulações e omissões da mídia no período pré-eleitoral, inclusive no massacre midiático a que foi submetido Geraldo Alckmin em São Paulo.

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