terça-feira, 12 de agosto de 2008

Transtorno Bipolar - Doença afeta rendimento profissional



Transtorno Bipolar é doença pouco conhecida,
mas afeta diretamente o rendimento profissional
Lucas Toyama - CanalRH - 05/08/2008
http://www.canalrh.com.br/


Crises de depressão, momentos de angústia e tristeza. "Durante dez anos vivi angustiada e me incomodava lembrar dos momentos felizes", declara C.E.K, analista de laboratório. Com o início do tratamento, com uma psicóloga e um psiquiatra, foi possível conquistar a estabilidade e a vontade de acordar no dia seguinte. "Hoje encaro minha doença bem. Meus colegas de trabalho sabem que sofro dela e lidam bem com isso", afirma. C.E.K é vítima do Transtorno Bipolar (TB), uma doença pouco conhecida, mas de efeitos avassaladores tanto na vida pessoal, quanto na profissional.

Segundo Teng Chei Tung, psiquiatra e integrante do Grupo de Doenças Afetivas, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, o transtorno bipolar geralmente se manifesta de forma depressiva. A pessoa fica retraída, perde auto-estima, sente muita tristeza e corre o risco de cometer suicídio. "A maioria dos pacientes vem deprimida e alguns deles me procuram porque estão irritados, ansiosos, explosivos", explica. "Depois de analisá-los vejo que eles oscilam, têm momentos para baixo e para cima, ou seja, apresentam características de transtorno bipolar", avalia Tung.

Essa oscilação era sentida por C.E.K. "Era uma angústia muito grande, uma vontade de ficar trancada dentro de casa. Em outros momentos, até há energia, mas o pique é diferente, pois varia demais", lembra.

Na fase eufórica, também denominada mania, a pessoa é hiperativa, sente-se muito bem, com auto-estima elevada e apresenta grande tendência à distração. Um baita problema para o ambiente profissional. Mas não o único. "Na fase eufórica, o paciente com transtorno bipolar pode também causar diversos problemas no trabalho, pois ele quer participar de tudo, se intromete no trabalho dos outros e sempre acha que ele é quem está certo, chegando a brigar com colegas e chefes", aponta o psiquiatra.

O agravante disso tudo é que, no dia seguinte, essa mesma pessoa hiperativa pode aparecer depressiva, sem ânimo para trabalhar e absolutamente reclusa. Lidar com essa montanha-russa é complicado não apenas para quem a tem, mas para quem precisa conviver com esse indivíduo.

As origens da doença ainda não foram identificadas, mas sabe-se que sua base é genética e que um tratamento adequado envolve medicamentos - denominados "estabilizadores do humor" - e acompanhamento psicoterápico. "O transtorno bipolar varia em diversos sentidos, como ritmo biológico e físico, a pessoa não consegue acordar cedo, provoca mudanças de apetite. No estado de euforia, a pessoa fica agitada e, quando está em depressão, ela fica lenta. Mas pode também flutuar de uma forma não em bloco, estando triste e agitada ao mesmo tempo", aponta Tung. O tratamento do transtorno bipolar visa, assim, ajudar o paciente a ter uma vida o mais normal possível, reduzindo a freqüência e a gravidade das crises (de depressão e de mania).



Como lidar?

O fato dos sintomas do TB se confundirem com outros distúrbios psíquicos torna difícil um diagnóstico preciso da doença. E não é raro uma pessoa ser enquadrada como portadora de depressão unipolar e passar anos sendo tratada como tal. Mas, se ela tem fases de euforia e o tratamento não responde a anti-depressivos, "é um sinal de que ela possa ter TB", avalia Tung. Foi o que ocorreu com C.E.K, cuja bipolaridade se expressa mais em depressão, mas tem fases de euforia. "Eu já estava tomando um antidepressivo há um tempo e não via efeito", lembra a analista de laboratório. Segundo o psiquiatra, cerca de 50% das pessoas com depressão são bipolares.

Além de medicamentos, é indicado que a pessoa com TB tenha o acompanhamento de um psicólogo. "A medicação que eu tomo me deixou estável e é a terapia que me proporciona um autoconhecimento para me entender melhor e seguir adiante, para saber lidar com meu comportamento, com situações que possam colocar meu emocional em risco", avalia.

E, assim como qualquer tratamento terapêutico, contribui para o alcance de resultados o apoio de familiares e colegas de trabalho. Em seu emprego, por ser flexível e aberta a diálogos, C.E.K não chegou a ter problemas de relacionamento, mas assim que constatou o TB, a analista optou por revelá-lo aos poucos aos colegas, algo que auxiliou o tratamento. "Procuro fazer com que as pessoas entendam que não é nada pessoal com elas, mas um desequilíbrio químico em mim que vai passar em breve", ressalta.

Nos momentos de crise, sejam elas eufóricas ou depressivas, vale ressaltar a importância do RH da empresa conhecer a doença para melhor orientar os gestores - e equipe - a lidar com seu colaborador. E, mesmo que a doença não tenha sido diagnosticada, é recomendável que o RH a conheça para que possa sugerir a seu colaborador a busca por ajuda médica e auxiliá-lo da melhor maneira possível. Afinal, nessas crises, o paciente encontra-se num momento difícil de sua vida, podendo apresentar riscos, tais como exposição a situações vexatórias, de suicídio, prejuízo no funcionamento social, profissional e psicológico.

Para Tung, muitas vezes a pessoa só enxerga a fase da depressão, a fase em que está muito irritada. "Então ela tenta se controlar e acaba não procurando ajuda", afirma. E, mesmo quando a doença é diagnosticada, outros obstáculos vêm à tona: é preciso lidar com o preconceito e a falta de informação da sociedade como um todo. "A minha impressão é que as pessoas ouvem muito falar da doença, mas não a entendem. Outras se identificam com algumas situações, sem conhecer de fato a doença", aponta Tung, que escreveu o livro "Enigma bipolar - Conseqüências, diagnósticos e tratamento do transtorno bipolar" (MG Editores) com o objetivo de esclarecer essas dúvidas.


Veja alguns sintomas das duas fases de um paciente TB:


Mania

- humor para cima, exaltação, alegria, otimismo e autoconfiança exagerados;

- irritabilidade, impaciência, agitação, inquietação física e mental;

- aumento da energia, da produtividade: a pessoa inicia muitas atividades e não consegue terminá-las;

- achar que possui dons ou poderes especiais de influência, grandeza e poder;

- fácil distração;

- insônia, redução da necessidade de sono.



Depressão

- angústia ou sensação de vazio, humor para baixo, tristeza profunda;

- pessimismo, idéias de culpa, fracasso, inutilidade;

- pouca ou nenhuma capacidade de sentir prazer e alegria na vida;

- sentimentos de insegurança, baixa auto-estima, medo;

- irritabilidade, desespero;

- desânimo, preguiça, falta de energia física e mental;

- falta de concentração, lentidão do raciocínio, memória ruim;

- falta de vontade, falta de iniciativa e interesse, apatia;

- redução da libido;

- perda ou aumento de apetite e/ou peso;

- insônia ou dormir demais, sem se sentir repousado.









3 comentários:

  1. O Transtorno Bipolar precisa ser adequadamente tratado, pois além de poder vir a ser incapacitante para as atividades diárias, diminui muito a qualidade de vida da pessoa. Um abraço. Drauzio Milagres.

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  2. meu nome e betinha tenho 25 anos e a 6 anos sofro com tbh...ja tive varias crises e tive farias tentativas frustradas de suicudio...ja me enternaram por 4 vezes em clinicas pisiquiatricas...hj vivo nos estremos da vida,hr muito feliz me achando a melhor de todas,hora muito triste me detestando e me sentindo com muito medo...acho que a pior hora das crises e o medo que me acompanha...e um medo enorme de tudo,fico muito assustada...mas peço a deus força pra sobreviver pois tenho um filho pequeno e que sofre muito...em fim espero que encontrem uma cura pra essa doença imfeliz...

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  3. Oi "Betinha", existe tratamento para o Transtorno Bipolar. Mesmo que não haja uma cura, com a medicação adequada, dá para se manter o controle e ter uma maior qualidade de vida. Um abraço. Drauzio Milagres.

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