segunda-feira, 3 de março de 2008

Pesadelo na Piscina - Um Caso de Abuso Sexual



Pesadelo na Piscina - Um Caso de Abuso Sexual
Marco Bahe - Revista Época nº 509 de 18/02/2008
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG81730-6014-509,00.html


O caso da nadadora olímpica Joanna Maranhão chama a atenção para o abuso sexual no esporte.




Rumores de assédio sexual a atletas jovens são comuns no meio esportivo. É raro e louvável quando um desses atletas supera o medo e fala publicamente do assunto. Em uma entrevista ao site gazetaesportiva.net, a nadadora olímpica Joanna Maranhão, de 20 anos, revelou ter sido molestada por um treinador na infância. O abuso teria ocorrido 11 anos atrás, quando ela iniciava sua carreira nas piscinas. Joanna não deu nomes. Foi sua mãe, a médica Teresinha Maranhão, quem apontou um técnico que trabalhou com Joanna na infância como o autor dos supostos abusos. "Se minha filha decidiu que era hora de falar, a verdade completa deve vir à tona", disse Teresinha. "Quero ver se ele tem coragem de negar isso olhando nos meus olhos". Segundo ela, os laudos dos terapeutas que nos últimos anos ajudaram Joanna a superar o trauma podem comprovar as acusações.

O técnico reagiu de forma cautelosa. Primeiro negou tudo. Depois contratou o advogado João Olímpio, que reuniu a imprensa na semana passada para anunciar que a mãe de Joanna será processada. "Uma acusação como essa destrói uma vida", diz Olímpio. Depois da acusação, o treinador foi afastado pela direção do Colégio Santa Cecília, em Olinda, onde dava aulas de natação havia quatro anos. O Conselho Regional de Educação Física afirmou que o técnico não possui registro e exerce a profissão de forma irregular. O advogado Olímpio questiona o fato de a família da nadadora só ter se manifestado agora. Joanna diz que por muitos anos nem sequer foi capaz de tocar no assunto. "O que ele fez mexeu comigo e teve graves conseqüências na minha vida pessoal e na minha carreira", disse.

Joanna Maranhão despontou em 2003, nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, quando conquistou uma medalha de bronze. No ano seguinte, com 17 anos, foi finalista dos 200 metros quatro estilos e do revezamento 4x200 livre nas Olimpíadas de Atenas. Era uma esperança de medalha no Pan do Rio, em 2007, mas sua melhor colocação foi um 4º lugar.

Segundo a atleta, as lembranças do treinador se aproveitando de momentos de intimidade na piscina e nos vestiários para acariciá-la vinham prejudicando seu rendimento. Ela afirma não ter conseguido dormir durante os treinos na França, duas semanas atrás, quando revelou o caso. Joanna garante que não é uma forma de justificar a má fase dentro d'água. Ela ainda não obteve as marcas necessárias para se classificar para os Jogos Olímpicos de Pequim. "Quem fala isso vai ter de engolir os meus resultados", diz a atleta, que terá no torneio Sul-Americano de São Paulo, em março, a chance de conseguir o índice olímpico.



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Treinadores Suspeitos
Marco Bahe - Exclusivo On-line - Revista Época nº 509 de 18/02/2008
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG81757-5856-509,00.html



Casos de abuso sexual envolvendo jovens atletas têm sido denunciados com freqüência, mas condenações ainda são raras.





Depois de ter sido acusado de abuso, o ex-treinador da nadadora Joanna Maranhão, Eugênio Miranda, negou as alegações da atleta. "Sou casado há 21 anos. Minha família está unida porque todo mundo conhece minha índole". Miranda foi demitido do Colégio Santa Cecília, em Olinda (PE) e contratou um advogado para processar a família de Joanna por danos morais. O jornal Diário de Pernambuco afirma ter localizado uma segunda nadadora que diz ter sido molestada pelo mesmo treinador. A reportagem não identifica a suposta vítima.

Os casos de abuso dentro do esporte têm sido freqüentes. O atual treinador de Joanna Maranhão, José Reynaldo Nikita, afirma que "Houve escândalos assim até na maior potência esportiva, os Estados Unidos". O treinador cubano Raul Fuentes, radicado no Brasil, lembra de um caso clássico em seu país. "Um técnico de natação foi acusado de abuso sexual por algumas meninas. Acabou preso por dois anos e afastado definitivamente do esporte", afirma Fuentes.

No Brasil, um caso recente envolveu jovens promessas do futebol. Cerca de 60 menores de idade foram levados do interior do Pará a Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde supostamente deveriam jogar. Após denúncias anônimas, a polícia desvendou um esquema que envolvia, além de abuso sexual, cárcere privado e aliciamento para o tráfico. Do grupo de 60 garotos, apenas dois conseguiram vaga na divisão infantil do Vasco e seis foram abrigados pelo Jacarepaguá, clube da segunda divisão do Rio.

Casos desse tipo são difíceis de provar na Justiça. De acordo com o estudo "Impunidade, Até Quando?", da Associação Nacional de Centros de Defesa da Criança e do Adolescente, menos de 10% dos processos de abuso sexual de menores chegam à condenação no Brasil. Entre 2003 e 2006, foram feitas 13.763 denúncias de abuso e exploração sexual de crianças no país. O Disque 100, um serviço nacional gratuito criado em 1997 para receber denúncias de violência, abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, recebe 2 mil ligações por dia.

Em novembro de 2007, a treinadora de tênis britânica Claire Lyte foi sentenciada por ter abusado de uma aluna anos antes, quando a menina tinha 13 anos. Claire foi condenada a quase três anos de prisão e proibida de trabalhar com crianças após cumprir a pena.

Com a denúncia da nadadora pernambucana, muitos pais entraram em estado de alerta e passaram a acompanhar diariamente seus filhos pequenos nas piscinas. "Nossa orientação é que os pais têm todo o direito de acompanhar os filhos o tempo todo", diz o presidente da Federação Aquática de Pernambuco, Chico Moreira. "Mas estamos cientes que esse caso pode implicar na redução do número de atletas. Segundo ele, os pais mais temerosos podem evitar em colocar seus filhos em escolinhas.











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Um comentário:

  1. Essa é uma denúncia muito séria. É preciso investigar para que não se condene uma pessoa sem provas, mas se ficar apurado o abuso, a pessoa deve ser exemplarmente condenada. Drauzio Milagres.

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