Israel Viola Convenção de  Genebra
Richard Falk - Maurício Reimberg e Tadeu Breda - Agência Carta Maior - 07/01/2009
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15470&boletim_id=513&componente_id=8903
Richard Falk - Maurício Reimberg e Tadeu Breda - Agência Carta Maior - 07/01/2009
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15470&boletim_id=513&componente_id=8903
"Os ataques israelenses  ferem a Convenção de Genebra primeiramente porque punem coletivamente os  palestinos residentes em Gaza, não fazendo distinção entre alvos civis e  combatentes", disse nesta quarta-feira, em São Paulo, Richard Falk, relator  especial das Nações Unidas para a situação dos direitos humanos nos territórios  ocupados por Israel desde 1967. Segundo Falk, o bloqueio econômico mantido por  Israel há 18 meses também está em desacordo com o direito  internacional.
Richard  Falk
As recentes operações  militares de Israel na Faixa de Gaza configuram crimes contra a humanidade. Essa  é a avaliação do norte-americano Richard Falk, relator especial das Nações  Unidas para a situação dos direitos humanos nos territórios ocupados por Israel  desde 1967 na Palestina. Em visita ao Brasil, ele concedeu uma entrevista  coletiva nesta quarta-feira (07/01/2009) organizada pelo Núcleo de Estudos da  Violência da Universidade de São Paulo.
"Os ataques israelenses  ferem a 4ª Convenção de Genebra primeiramente porque punem coletivamente os  palestinos residentes em Gaza, não fazendo distinção entre alvos civis e  combatentes", diz Falk. Até o momento, estima-se que mais de 700 palestinos  foram mortos e três mil feridos desde o início da invasão, no dia 27 de  dezembro. Cerca de 25% das vítimas palestinas são civis. Os israelenses  contabilizam dez mortes, entre as quais estão quatro civis atingidos por  foguetes lançados pelo grupo islâmico Hamas e seis militares caídos em combate -  quatro deles vítimas de "fogo amigo".
O relator da ONU diz que o  bloqueio econômico mantido por Israel há 18 meses também está em desacordo com o  direito internacional. "A Convenção de Genebra diz que o país ocupante deve  prover à população da zona ocupada condições dignas de sobrevivência", explica  Falk. "No entanto, o bloqueio israelense vem impedindo a entrada de alimentos,  combustíveis e medicamentos em quantidade suficiente para suprir as necessidades  dos habitantes de Gaza".
Falk lembra que Israel  bloqueou totalmente as fronteiras da Faixa de Gaza e não permite sequer que os  civis palestinos se refugiem em outros países. "Em todo conflito há um enorme  número de refugiados. A proibição de Israel não tem precedentes nas guerras  urbanas mundiais". O relator da ONU diz ainda que o exército israelense utiliza  força desproporcional ao atacar uma sociedade "sem condições de se  defender".
O relator acredita que a ONU  deveria investir num cessar-fogo imediato entre as partes, na retirada de Israel  e no fim do bloqueio contra Gaza, além de proibir o lançamento de foguetes  Qassam contra o território israelense - justificativa oficial para a atual  operação militar. "A partir dessas bases, as Nações Unidas podem buscar um  caminho para definir a autodeterminação do povo palestino".
O Conselho de Segurança da  ONU ainda não chegou a nenhuma medida concreta para encerrar os combates em  Gaza. Já o Conselho de Direitos Humanos se reunirá de maneira extraordinária na  sexta-feira para emitir um pronunciamento sobre a situação da  Palestina.
"A grande pergunta que se  deve fazer agora é por que a comunidade internacional e a ONU têm feito tão  pouco?", pergunta Falk. E ele mesmo responde: "As Nações Unidas só atuam  efetivamente por intervenção direta de seus cargos mais importantes, e os EUA  têm se oposto à proteção dos palestinos e impedido a ONU de cumprir seus  compromissos humanitários.
"Anti-Israel"
Considerado um dos maiores  especialistas do mundo em direitos humanos, Richard Falk é professor emérito da  Universidade de Princeton (EUA). Foi ele quem cunhou os termos "globalização de  cima para baixo" e "globalização de baixo para cima", referindo-se aos diversos  movimentos sociais, ONGs e voluntários que tentam criar uma comunidade "além do  Estado territorial" para enfrentar as injustiças produzidas pela nova ordem  social.
No último dia 14 de  dezembro, Falk foi expulso do território israelense no que seria sua primeira  missão como relator especial - uma reunião com o presidente da Autoridade  Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Apesar de estar em visita oficial, ele foi  detido por 15 horas antes de ser retirado do país. O governo alega que o  diplomata é "anti-Israel".
"Minha expulsão é um claro  aviso à ONU de que Israel não quer cooperar com relatores críticos à ocupação, e  faz parte de uma política para excluir possíveis testemunhas oculares dos fatos  que estão acontecendo em Gaza neste momento", avalia, lembrando que jornalistas  estrangeiros e observadores internacionais também foram impedidos de entrar nas  zonas de conflito. "Pensei que minha objetividade como relator seria testada com  base no relatório que produziria sobre o evento, e não julgada por  antecipação".
Atores  políticos
Falk avalia que o Hamas não  é o maior dos obstáculos para o fim das hostilidades na Palestina. "O maior  problema são os políticos israelenses que não querem estabelecer uma paz justa  na região". Para ele, classificar os palestinos como "terroristas" é uma fuga da  diplomacia e da negociação pacífica, e justifica o uso da força. Ademais,  trata-se de uma tática antiga que já foi utilizada para isolar e enfraquecer  Yasser Arafat (1929-2004), ex-presidente da ANP.
"Não é útil definir o Hamas  como 'grupo terrorista', do mesmo jeito que não é útil dizer que Israel é um  'Estado terrorista', porque ambos são atores políticos. O terrorismo é uma  desculpa para usar a força na tentativa de resolver um conflito que deve ser  solucionado por ações políticas", diz o relator da ONU.
O governo israelense se  utiliza de dois argumentos para justificar os ataques e rechaçar um cessar-fogo.  Os pronunciamentos oficiais insistem em que não há crise humanitária em Gaza e  sustentam a tese de que Israel está agindo defensivamente contra o lançamento de  foguetes. Falk acrescenta que nenhum israelense foi morto por foguetes Qassam  disparados pelo Hamas nos últimos 12 meses que antecederam os ataques de 27 de  dezembro. Os únicos feridos foram contabilizados após o início das  ofensivas.
As eleições legislativas em  Israel acontecem no dia 10 de fevereiro. Nelas será escolhido o próximo  primeiro-ministro do país. Os principais concorrentes ao cargo hoje ocupado por  Ehud Olmert são Ehud Barak - atual ministro da Defesa, filiado ao Partido  Trabalhista - e Tzipi Livni, do Kadima, que desempenha o cargo de ministra das  Relações Exteriores. Ambos negam que Gaza esteja passando por uma crise  humanitária.
Território
Cerca de 45% da população de  Gaza é composta por crianças com até 14 anos. Desde o início da ofensiva, mais  de 100 delas já morreram. Segundo Paulo Sérgio Pinheiro, pesquisador associado  do Núcleo de Estudos da Violência da USP, 1,5 milhão de pessoas vivem numa área  de 360 km², o que configura a mais alta densidade demográfica do mundo: mais de  quatro mil pessoas por km².
Um dos episódios que  causaram mais revolta internacional foi o bombardeio à escola Al Fakhora,  administrada pelas Nações Unidas, no campo de refugiados de Jabaliya, ao norte  de Gaza. Os ataques foram realizados nesta terça-feira (06/01/2009) e deixaram  pelo menos 30 mortos e 55 feridos. A instituição abrigava civis refugiados. No  mesmo dia, Israel atentou contra outro colégio mantido pela Agência das Nações  Unidas para os Refugiados Palestinos na cidade de Gaza. Três jovens  morreram.
Sob pressão, Israel  concordou em estabelecer um "corredor humanitário" que dará acesso temporário  limitado a alguns pontos da região. O intuito é permitir que sejam levados  suprimentos vitais para a população palestina, cujo estado de carência foi  intensificado depois do fim da trégua de seis meses com o Hamas, que expirou no  último dia 19. No entanto, o acordo já havia sido rompido por Israel, que no dia  4 de novembro matou seis palestinos em Gaza. "À revelia do que se pensa sobre o  Hamas, ele tem buscado uma trégua duradoura com os judeus desde que Israel  retornasse às fronteiras anteriores a 1967, proposta que foi  ignorada".

Quero deixar bem claro que, antes que me acusem, eu pessoalmente não tenho nada contra Israel, e muito menos contra os Judeus, mas fico extremamente revoltado contra essas ações covardes e desmedidas que os governantes e os militares israelenses estão fazendo contra a população civil da Palestina/Gaza. Nada se justifica. Tudo é puro interesse político/eleitoreiro e da indústria bélica. É uma pena que a ONU esteja totalmente desacreditada para fazer alguma coisa. Espero que um dia esses políticos e militares israelenses venham a ser julgados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por Crimes Contra a Humanidade. Essas ações belicistas de Israel ainda causará muita dor e sofrimento aos judeus no mundo todo, e que por isso, sejam julgados pelo seu próprio povo. Um abraço. Drauzio Milagres.
ResponderExcluir